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Energia positiva

18 de Dezembro de 2020 às 00:01

Pelo menos no campo da energia sustentável -- e a consequente economia de gastos que ela possibilita --, Sorocaba está dando um ótimo exemplo. De acordo com reportagem de Mariana Campos, reproduzida no site Ciclo Vivo, site especializado em temas relacionados à sustentabilidade, a cidade está implantando energia fotovoltaica em seus prédios públicos.

Energia fotovoltaica é a energia elétrica produzida a partir da luz solar. E antes que os curiosos perguntem, sim, ela também pode ser produzida em dias nublados e chuvosos. Quanto maior for a radiação solar, maior será a quantidade de eletricidade produzida. A energia solar é considerada uma fonte de energia alternativa, renovável, limpa e sustentável. O termo “fotovoltaica” vem do grego (Phos), que significa luz, enquanto volt é a unidade de força eletromotriz -- que por sua vez vem do sobrenome do físico italiano Alessandro Volta, inventor da pilha. Além da fotovoltaica, existem outros tipos de energia solar, como a termossolar e a heliotérmica. Na parte prática e técnica, para captar a energia solar e iniciar o processo de transformação em energia elétrica, são usadas placas solares produzidas em material semicondutor. Quando as partículas de luz incidem nessas placas, os elétrons do material semicondutor entram em movimento, gerando eletricidade. A energia solar gerada pelas placas é levada ao inversor, equipamento responsável por transformar a corrente elétrica contínua em alternada, e então distribuída para o local de consumo e utilizada pelos equipamentos. Sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica já são utilizados há mais de 30 anos em todo o mundo.

Pois, bem, voltando a Sorocaba, além da sede da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), também o Jardim Botânico Irmãos Villas-Bôas ganhou placas solares. A ação contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE) e o consumo de energia, gerando ainda economia de recursos aos cofres públicos. Para se ter uma ideia da economia que uma medida positiva como essa pode proporcionar, a despesa média mensal com energia no Jardim Botânico era de cerca de R$ 1.300. Desde que foram instalados os sistemas de energia, o gasto despencou para R$ 60 por mês, ou seja, uma redução de aproximadamente 95% na conta de energia. Em um período de um ano, a economia será de quase R$ 15 mil.

A instalação das placas solares no Jardim Botânico foi realizada em abril deste ano. São 60 painéis distribuídos em 121 metros quadrados, com potência instalada de 21.300 watt-pico (Wp). Já a sede da Sema ganhou, em 2019, 28 painéis solares em uma área de 57 metros quadrados, resultando em uma potência instalada de 9.420 Wp. Além dos prédios, a energia renovável também compõe todo o sistema BRT (Transporte Rápido por Ônibus), que possui placas fotovoltaicas responsáveis por abastecer as unidades administrativas e operacionais, instalações e estruturas fixas, como os terminais de embarque e desembarque e pontos de parada. O BRT entrou em operação em Sorocaba em agosto deste ano, dentro da política pública de mobilidade urbana na cidade.

Ainda pouco explorada pelos órgãos públicos, a energia solar é majoritariamente adotada por empresas e pessoas físicas, e vem ganhando adeptos a passos largos no Brasil. Um dos segmentos que mais utilizam tal recurso são os produtores rurais e agrícolas, principalmente em busca de economia e competitividade. Com a comprovada redução e incentivos cada vez maiores, o agronegócio é um alvo natural para tal possibilidade. Afinal, trata-se de uma energia atrelada a um recurso abundante, o sol.

O resultado disso é que a energia solar fotovoltaica já é a terceira mais importante fonte de energia renovável em termos de capacidade instalada a nível mundial, usada em mais de 100 países. Tal crescimento também tem sido impulsionado pelos avanços da tecnologia e aumento da escala de produção, fazendo com que os custos venham diminuindo de forma constante ano a ano. A Alemanha continua a ser o exemplo a ser seguido. O país é o maior produtor mundial desse tipo de energia. Tal energia já representa um total de 6% de sua demanda nacional de eletricidade. Mas China, Japão e Estados Unidos não ficam muito atrás e avançam rapidamente: já são os três países com o maior crescimento desse mercado.

Com enorme área e ótima localização geográfica, o Brasil possui um gigantesco potencial para aproveitar esse tipo de recurso. Mesmo regiões com menor incidência de radiação solar têm potencial maior do que a Europa. Segundo estudos de especialistas no setor, o Brasil demorou sete anos para atingir o primeiro gigawatt. Mas somente no período de um ano, em 2020, saltou para a marca de quatro gigawatts de potência operacional na geração distribuída solar fotovoltaica (GVDF). Desde 2012, o segmento injetou mais de R$ 19,4 bilhões em investimentos e possui cerca de 120 mil empregos acumulados no País.

Que o Sol continue a nos iluminar rumo ao desenvolvimento.