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Em defesa do aeroporto

25 de Setembro de 2020 às 00:01

O jornal Cruzeiro do Sul iniciou no dia 13 de setembro uma série de reportagens onde traz denúncias e constata problemas relacionados ao Aeroporto Estadual de Sorocaba Bertram Luiz Leupolz.

Embora pouco conhecido pela população, o entorno do aeroporto abriga um polo industrial sofisticadíssimo que reúne empresas de alta tecnologia especializadas em manutenção de aviões executivos, com representantes de todas as grandes marcas que atuam nesse mercado, inclusive com oficinas da Embraer e outros fabricantes internacionais de jatos executivos.

Na primeira reportagem da série, que está sendo escrita pelo jornalista Marcel Scinocca, o jornal Cruzeiro do Sul denunciou que há oito anos o aeroporto e as empresas que nele atuam reivindicam sua internacionalização.

Não se trata de abrir o aeroporto para voos internacionais de passageiros, mas exclusivamente para que aviões executivos de outros países que precisam fazer manutenção ou revisões pousem e decolem diretamente em Sorocaba.

Hoje, para vir para uma das oficinas as aeronaves têm de pousar em um aeroporto internacional, dar entrada oficialmente no País, pagar uma taxa alta em dólar, para depois seguir para Sorocaba.

No retorno acontece a mesma coisa, com gastos e perda de tempo semelhantes, o que prejudica o parque industrial de Sorocaba.

Um outro aeroporto que consiga a internacionalização antes de Sorocaba terá enorme vantagem para atrair investimentos que poderiam vir para o município.

Na segunda reportagem, publicada dia 20 de setembro, foi mostrado que a pista do aeroporto, por inexplicáveis problemas burocráticos, tem dois trechos nas cabeceiras que juntos somam aproximadamente 150 metros e não são reconhecidos oficialmente.

Isso altera toda a operação do aeroporto, inclusive envolve a questão do seguro das aeronaves que supostamente estariam operando em um aeroporto com pista menor.

Os prolongamentos foram feitos há anos com dinheiro público, mas não são reconhecidos. É uma situação incompreensível. Ou há uma burocracia inadmissível envolvida, ou má fé de alguns setores do governo que não querem colaborar com o aeroporto.

Também na segunda reportagem foi abordada a questão da torre de controle. Depois de anos de espera, a torre foi finalmente entregue. Ela custou aos cofres públicos R$ 21 milhões e é tecnicamente muito sofisticada.

Ocorre que em Sorocaba os pousos e decolagens continuam sendo feitos pelo sistema VFR, ou voo visual. E o Aeroporto de Sorocaba é um dos mais movimentados do Estado.

A torre, mesmo tendo capacidade, não está operando por instrumentos, o que traria ganhos de segurança em determinadas situações.

Para que as operações ocorressem por aparelhos, seria necessária uma atualização do planialtimétrico do aeroporto.

São muitas questões já abordadas com relação ao Aeroporto de Sorocaba e outras que ainda serão alvo de novas reportagens ainda em elaboração.

Após a publicação da segunda reportagem, no último domingo, o secretário de Logística e Transportes do Estado, João Octaviano Machado Neto, a quem o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo, o “proprietário” do aeroporto, está subordinado, alterou sua agenda e veio visitar o local, onde atendeu a imprensa e deu uma entrevista a este jornal.

Na cidade, ele participou ao menos de duas reuniões no próprio aeroporto e fez diversas vistorias, inclusive na torre de controle.

À reportagem, informou que o objetivo da secretaria é de concluir até dezembro as obras e adaptações necessárias para, em seguida, seguir com o processo de internacionalização.

Para o secretário, o maior problema hoje do aeroporto é o controle do acesso em uma área privada. Feito isso, o aeroporto estará em condições de receber vistorias dos órgãos envolvidos.

João Octaviano está otimista quanto ao trâmite do pedido, pois o governo federal, segundo ele, já sinalizou positivamente com relação à Vigiagro, Receita Federal e Anvisa.

E somente após resolver essas questões e ter o aval da Polícia Federal é que a solicitação do Daesp deverá ser encaminhada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Octaviano também comentou a questão da torre de controle, que receberá investimentos para que aeronaves possam fazer pousos de decolagens por aparelhos e anunciou que o Estado vai investir R$ 380 mil na sinalização da pista do aeroporto.

Esses três problemas específicos já tratados pelo jornal, e que de alguma forma o secretário acena com soluções, não esgotam os temas das próximas reportagens da série.

Há muitos outros problemas no aeroporto que prejudicam as empresas que funcionam em seu entorno. Esses problemas estão sendo levantados para as futuras reportagens que e ainda serão publicadas pelo jornal.