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Obras viárias

17 de Agosto de 2019 às 00:01

No mês de maio deste ano o prefeito cassado José Crespo (DEM) lançou oficialmente o programa Avança Sorocaba em um canteiro de obras improvisado na avenida Américo Figueiredo. Esse programa viário que envolve uma série de obras tem por objetivo, segundo a Prefeitura, ampliar a infraestrutura urbana, melhorar a eficiência dos transportes e preservar o meio ambiente.

Para conseguir recursos a um programa desse porte, a Prefeitura de Sorocaba recorreu ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), instituição que já financiou outros projetos de grande porte no município. Em julho de 2014, durante o governo do ex-prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), a Câmara de Vereadores autorizou o contrato de financiamento entre o município e o CAF para o Programa Ambiental e de Otimização Viária de Sorocaba, também chamado de Avança Sorocaba. O orçamento total do projeto é de 140 milhões de dólares, sendo que US$ 70 milhões serão financiados pelo CAF e a outra metade dos recursos, a contrapartida local, de responsabilidade do município. Em 2007 o CAF financiou o Projeto Sorocaba Total durante o governo do ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB).

Não é novidade o município recorrer a financiamentos, mesmo que externos, para desenvolver seus projetos de grande porte, que pela quantidade de recursos envolvidos, fogem da capacidade de investimento da Prefeitura. No início dos anos 80 o Projeto Cura -- Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada -- foi responsável pela urbanização e construção de uma série de obras na zona norte de Sorocaba (principalmente na região do Jardim Brasilândia e das vilas Fiori, Progresso e Gabriel) e foi financiado em grande parte pelo antigo Banco Nacional de Habitação (BNH).

O Avança Sorocaba prevê uma série de intervenções importantes na cidade, principalmente o sistema viário. As obras mais visíveis certamente serão o sistema de pontilhões que será construído na confluência da avenida José Joaquim de Lacerda com a avenida Ipanema e a construção da avenida marginal ao córrego do Itanguá, com mais de 4 quilômetros de extensão na zona oeste da cidade. Essa obra é complexa, mas poderá melhorar sensivelmente o trânsito naquela região que hoje sobrecarrega principalmente as avenidas General Carneiro e Américo Figueiredo. O projeto prevê o aproveitamento do vale do córrego para criar uma avenida com três pistas de cada lado. O viaduto da avenida J.J. Lacerda também é muito importante, uma vez que a avenida Ipanema fará parte do corredor do eixo norte-sul do BRT que começa a ser implantado naquela região. Nesse corredor circulam 80% das linhas de transporte coletivo da zona norte que fazem integração com outras linhas no terminal Santo Antônio. A avenida J.J. Lacerda, por sua vez, é importante via de ligação entre a zona norte da cidade com a Zona Industrial. Outra obra importante será o viaduto sobre a avenida Itavuvu, ligando as avenidas Edward Fru-Fru Marciano da Silva e Ulisses Guimarães, também na zona norte.

Como foi noticiado por este jornal na edição de ontem, o programa chegou à fase das desapropriações. Ao todo, são 136 imóveis que precisam ser desapropriados para que as obras possam avançar. A maior parte delas, 65 no total, está relacionada justamente com a marginal do córrego do Itanguá. A construção do viaduto que ligará a Edward Fru-Fru com a Ulisses Guimarães implicará mais 11 desapropriações. O pagamento das desapropriações faz parte da contrapartida da Prefeitura e, como todos sabem, não são rápidos, pois nem sempre os proprietários concordam com o valor estipulado pelo poder público.

Diante desse quadro, com as desapropriações começando agora, apesar de algumas obras já estarem em andamento, é praticamente impossível que a maioria seja concluída no atual mandato. O programa Avança Sorocaba é formado por 11 obras e somente a marginal do Itanguá tem prazo estimado de construção de mais de três anos. Se não bastassem os atrasos comuns das obras civis, a turbulência política por que passa Sorocaba também não ajuda muito. Por isso é preciso que a população fique atenta e cobre tanto do Executivo, independente de quem seja eleito para o próximo mandato, e da Câmara de Vereadores, a conclusão das obras iniciadas ou programadas. A interrupção de projetos e obras iniciados em mandatos anteriores frustram os cidadãos, prejudicam o desenvolvimento e sempre trazem imensos prejuízos para o município.