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Cuidados com os idosos

10 de Agosto de 2019 às 00:01

A população do Brasil está envelhecendo. Levantamento divulgado recentemente mostra que Sorocaba tem perto de 90 mil pessoas com mais de 60 anos, algo como 13% da população, e a tendência é essa faixa etária crescer rapidamente. A expectativa de vida aumentou bastante e essa parcela tão significativa da população requer atenção especial e novos programas de assistência.

No próximo dia 19, a Secretaria da Cidadania e Participação Popular (Secid) e o Conselho Municipal do Idoso (CMI) promovem um encontro com Instituições de Longa Permanência para Idosos, um encontro de rotina para orientar os participantes sobre cuidados e como proporcionar bem-estar da pessoa idosa. Deverão participar representantes de entidades sociais e particulares que oferecem serviço de moradia que também aproveitarão o encontro para se atualizar e tirar dúvidas sobre o processo de regularização dessa atividade. Essas entidades precisam se cadastrar junto ao CMI que é o órgão responsável pela execução e fiscalização de políticas públicas voltadas à pessoa idosa, inclusive as atividades das instituições de abrigo.

Sorocaba tem vários abrigos, alguns ligados a instituições assistenciais, outros particulares que realizam um ótimo trabalho. Algumas dessas instituições funcionam com a ajuda de voluntários e oferecem um acolhimento de primeira qualidade, como é o caso da Vila dos Velhinhos, entidade filantrópica que há mais de 80 anos atende a comunidade. Como esse tipo de atividade tende a aumentar, se especializar, é preciso que os órgãos de fiscalização acompanhem essa evolução e façam um trabalho rigoroso. Apesar da excelência de boa parte das instituições encarregadas do atendimento de idosos, muitas vezes tomamos conhecimento por meio do noticiário de casas de repouso ou similares que oferecem um serviço deficiente quando não criminoso, tratando de maneira cruel os idosos sob sua responsabilidade. No ano passado, uma ação do Ministério Público, com apoio da Vigilância Sanitária e Polícia Civil, resultou na interdição de uma casa de repouso que funcionava clandestinamente na região do Central Parque e abrigada seis idosos e três pessoas com doenças mentais, todos expostos a situações inadequadas. Não eram alimentados regularmente e nem recebiam cuidados de higiene. Situações como essa são inadmissíveis, daí a importância da fiscalização rigorosa nesse tipo de estabelecimento.

Sorocaba tem alguma estrutura para o atendimento de pessoas idosas. O poder público municipal mantém o Clube do Idoso e a Chácara do Idoso, onde são oferecidas aulas de ginástica, caminhadas em grupo, entre outras atividades, mas são iniciativas ainda acanhadas diante do número de idosos que já temos e que teremos em um curto período de tempo. Outra iniciativa digna de elogios é a Vila Dignidade, uma espécie de condomínio fechado criado especialmente para abrigar pessoas com idade avançada. Além de moradias desenhadas para atender esse público, oferece ainda uma série de serviços de lazer e saúde essenciais para os moradores. Pena que essa iniciativa do governo estadual por meio do CDHU, em convênio com as prefeituras, seja tão tímida. Foram construídos poucos núcleos e os existentes são muito pequenos. O de Sorocaba, por exemplo, tem apenas 20 casas, que atende uma parcela muito pequena da população dessa faixa etária.

Os serviços que são oferecidos hoje ao idoso são muito distintos daqueles do passado, pois os interesses da pessoa mais velha são outros. Em primeiro lugar, muitos permanecem ou reingressam no mercado de trabalho, uma vez que gozam de boa saúde e têm muito a ensinar aos mais jovens. Cursos como os oferecidos pelo Centro de Educação Continuada e Aperfeiçoamento Profissional (Cecap), mantido pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), são uma prova disso. O curso “Redes sociais para a melhor idade” é um sucesso, pois ensina os mais velhos a lidar com as diversas redes sociais disponíveis na internet. A Unimed também desenvolveu um curso para pessoas com mais de 60 anos interessadas em conhecer os recursos disponíveis nos seus smartphones.

O aumento da longevidade do brasileiro fez surgir um novo tipo de idoso, mais ativo, informado, que já deu sua contribuição para o País e que quer interagir com a sociedade. Os idosos serão cada vez mais numerosos e daí a importância do desenvolvimento de políticas públicas muito bem elaboradas para atender especificamente essa parcela de cidadãos, a começar pela fiscalização rigorosa de casas de repouso e estabelecimentos similares que eventualmente possam explorar cidadãos indefesos e fragilizados pelo peso dos anos.

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