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Crescimento ou qualidade de vida?

29 de Agosto de 2020 às 00:01

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última quinta-feira a estimativa da população dos 5.570 municípios brasileiros.

Ficamos sabendo também que o Brasil, com projeções que têm como base o dia 1º de julho, ultrapassou a casa de 211,7 milhões de habitantes, com uma taxa de crescimento de 0,77% em relação com 2019.

O Estado de São Paulo é, de longe, o mais populoso do País, com mais de 46 milhões de habitantes, seguido por Minas Gerais com 21,3 milhões.

Somente a cidade de São Paulo tem mais de 12 milhões de habitantes, uma das maiores megalópoles do planeta.

Sorocaba, de acordo com a projeção do IBGE, cresceu bastante no último ano, com uma margem acima da média nacional.

A cidade tem, segundo a projeção, 687.357 habitantes, com um crescimento de 1,17% em relação ao ano passado.

A média de crescimento da população do País como um todo foi de 0,77%. A Região Metropolitana de Sorocaba ultrapassou 2,166 milhões de moradores.

Quando se analisa a população de Sorocaba é preciso também levar em conta a população de municípios vizinhos, onde ocorre o processo de conurbação.

Votorantim, por exemplo, que já foi no passado um distrito da cidade, tem hoje 123.599 habitantes, o que ajuda a formar um aglomerado de pessoas e uma malha urbana considerável.

Com os dados atualizados, Sorocaba permanece na 31ª posição entre os municípios com mais habitantes do Brasil e em 9ª colocação entre as maiores cidades do Estado.

O trabalho do IBGE traz ainda informações importantes.

Entre elas o fato de que no Censo de 2010, somente 38 municípios tinham população superior a 500 mil habitantes, e apenas 15 tinham mais de 1 milhão de moradores.

Em 2020, dez anos depois, portanto, são 49 municípios com mais de 500 mil habitantes, sendo que 17 superam a cada do milhão.

O brasileiro em geral se impressiona com o crescimento das cidades, parece que torce por isso. Após a divulgação da prévia do IBGE vários leitores se manifestaram, principalmente nas redes sociais, discordando dos números do instituto, como se estivéssemos disputando algum campeonato para ver qual cidade é maior ou coisa parecida. Certamente essa é uma visão equivocada.

Vejamos o caso de Sorocaba. O aumento populacional presumido pela pesquisa do IBGE resulta em mudanças importantes na estrutura da população.

E essas mudanças implicam em novas demandas de serviços e mais investimentos em políticas públicas.

É preciso analisar inclusive o aumento populacional em detalhes, para saber se será preciso investir prioritariamente em educação fundamental ou em atendimento geriátrico, uma consequência direta do envelhecimento da população.

É preciso pensar em educação, saneamento básico, abastecimento de água, habitação e transportes para acomodar os novos moradores.

Em vez de torcermos pelo simples crescimento demográfico é muito mais importante nos atermos à evolução de outros índices, que indiquem melhor qualidade de vida para os cidadãos, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um critério que é utilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar a qualidade de vida da população.

Os critérios utilizados para analisar o IDH de uma determinada comunidade são o grau de escolaridade, a renda da população e o nível de saúde.

O grau de escolaridade afere a média de anos de estudo da população adulta e expectativa de vida escolar das crianças.

O critério da renda leva em conta a renda nacional bruta per capita, que é baseada no poder de compra dos habitantes.

E o nível de saúde se baseia na expectativa de vida da população, nas condições de saúde dos moradores e dos serviços de saneamento ambiental.

O Brasil é um país de contrastes e o IDH varia muito dependendo dos Estados.

A pandemia causada pelo novo coronavírus mostrou que há deficiências, por exemplo, na área da saúde.

Embora a pandemia tenha causado um impacto muito grande em todo o mundo, revelou que não temos uma estrutura ideal para atendimento médico para uma emergência como essas.

Foi preciso um esforço muito grande para a ampliação de leitos hospitalares, inclusive de UTIs e a construção de um hospital de campanha para dar conta da demanda.

A discussão sobre o crescimento a qualquer custo ou o crescimento comedido, mas consciente, pensando na qualidade de vida dos cidadãos, é bastante oportuna no momento que começam a surgir as pré-candidaturas a prefeito do município e a se formar as chapas que disputarão as vagas na Câmara de Vereadores.

Nas próximas semanas teremos oportunidade de verificar o que pensam aqueles que querem dirigir os destinos da cidade.