Cidade ganha Pinacoteca

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A Secretaria da Cultura (Secult) inaugurou na última terça-feira (22) a Pinacoteca de Sorocaba que ocupa várias salas do Chalé Francês, construção preservada no jardim localizado em frente à antiga estação ferroviária. Neste período inicial estão expostas aproximadamente 60 obras em um ambiente preparado para receber exposições, com iluminação especial e climatização.

A Pinacoteca vai expor quadros que pertencem à reserva técnica dos museus sob a responsabilidade daquela secretaria municipal. Durante a transferência dessa reserva, que estava no Palacete Scarpa, para o Arquivo Público e Histórico Municipal, muitas obras foram localizadas. Perto de 150 delas estão em condições de serem expostas, revelaram funcionários da secretaria. Todo esse material estava embalado e guardado e durante a transferência é que se percebeu a qualidade do acervo de propriedade do município.

Esse patrimônio é composto por obras dos mais diferentes autores, com destaque para quadros do pintor sorocabano Zezé Correa, que retratam a cidade nas décadas de 1940 a 1960, e de Ettore Marangoni, pintor de origem suíça que passou a maior parte de sua vida em Sorocaba. Todo esse acervo foi se formando ao longo dos anos. Muitos quadros foram adquiridos por administrações municipais anteriores, outros foram doados e há ainda peças que estavam no prédio da antiga Câmara Municipal, onde hoje funciona a Fundec, e não foram levados quando o Legislativo sorocabano inaugurou sua nova sede ao lado da Prefeitura, no Alto da Boa Vista, há alguns anos.

A quantidade de peças à disposição permitirá, segundo a Secult, que os quadros expostos sejam trocados periodicamente, o que ajudará para atrair o público. O espaço também estará à disposição de artistas plásticos da cidade que queiram realizar exposições. Com a criação da Pinacoteca, o Jardim Matheus Maylasky reforça sua vocação para se transformar em um polo cultural. Lá já funciona o Museu da Estrada de Ferro Sorocabana, o Museu de Arte Contemporânea (Macs) e está próximo do Museu do Esporte, em instalação no Palacete Scarpa.

Outra iniciativa no campo cultural digno de nota é o interesse da Secult em assumir o Museu da Arte Sacra, que pertencia à Arquidiocese de Sorocaba e foi extinto no mês de setembro do ano passado. Fundado em 1975, o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra Comendador Luiz Almeida Marins (Madas-Lam) chegou a funcionar no mezanino da Catedral Metropolitana, mas permaneceu fechado à visitação durante muitos anos até encerrar suas atividades no ano passado.

A Secult já teria iniciado contatos com a igreja para reabrir o museu, mas caso não seja possível, pretende requerer cerca de 90 peças que seriam propriedade do município e estão no acervo do Madas, entre livros, folhetos musicais e missais. Essas peças teriam sido cedidas para o museu especializado para que a população tivesse acesso ao material. Como ele foi desativado, não faz sentido continuar sob responsabilidade da igreja. Com a desativação do museu, a Arquidiocese tem realizado pequenas exposições de arte sacra na Catedral Metropolitana, organizadas em torno de temáticas religiosas ou litúrgicas.

Um acordo entre a Prefeitura e a Arquidiocese seria bastante proveitosa se o acervo do Madas pudesse novamente ser exposto em sua totalidade para a população. Ele é composto por mais de 3 mil fotografias e 350 itens, sendo 181 imagens sacras nacionais e europeias do século 17 ao 19, além de livros, partituras, além de móveis que pertenceram ao Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, que morou em Sorocaba por 11 meses e auxiliou na construção do Mosteiro de Santa Clara.

É preocupante que um material dessa qualidade e com esse valor histórico fique juntando poeira, sem local para ser exposto. Um trabalho coordenado entre Prefeitura e Arquidiocese poderia permitir que todo esse material finalmente possa ter um local fixo para ser visto pela população.