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Canteiro de obras

05 de Agosto de 2020 às 00:01

Nos últimos meses, Sorocaba transformou-se em um verdadeiro canteiro de obras diante do avanço da implantação do novo sistema de transporte público, o BRT.

Como mostrou reportagem publicada por este jornal na edição de domingo (2), a empresa responsável pela implantação do sistema está realizando intervenções em seis frentes, para desespero dos motoristas sorocabanos que, a cada dia, encontram um novo trecho de ruas e avenidas interditadas.

A pressa em terminar, ao menos parte das obras e colocar em funcionamento, mesmo que parcial, um trecho do sistema, tem sua lógica.

A cidade comemora, no próximo dia 15 de agosto, 366 anos de fundação, e estamos em um ano de eleições municipais.

Se já eram poucas as obras a serem entregues nesta semana de aniversário que se aproxima, a situação piorou consideravelmente com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, que drenou os recursos disponíveis para atender à área da saúde.

Entregar, ao menos um trecho funcionando do BRT, no caso, o Corredor Norte-Sul, que tem como via principal a avenida Itavuvu, fará bem à imagem da atual administração.

Como nem todos os corredores projetados pelo BRT Sorocaba entrarão em funcionamento de imediato, faz todo sentido a pergunta que muitos sorocabanos fazem: Para que tanta pressa? As obras do novo sistema de transporte coletivo começaram em setembro de 2018.

Atualmente, elas acontecem em pelo menos dez pontos da cidade, com o objetivo de iniciar sua primeira fase de operação ainda este mês.

De acordo com a Urbes, o projeto tem obras em andamento nas avenidas Ipanema, Professora Izoraida Marques Peres, São Paulo, General Osório e nas ruas Professor Toledo, Souza Pereira, Álvaro Soares, Comendador Oeterer e praça Arthur Fajardo, o Largo do Canhão.

Nesta terça-feira (4), outra rua foi interditada parcialmente, a Miranda Azevedo, forçando a mudança do itinerário de várias linhas de ônibus.

Também foi muito criticado, nas últimas semanas, o fato de os ônibus do projeto, que circularão pela avenida General Osório, nos dois sentidos de direção, não conseguirem passar sob os pontilhões da praça da Bandeira.

Por conta disso, os ônibus terão de fazer voltas e trafegar por vias não dimensionadas para trânsito tão pesado, como as ruas Professor Toledo e Eurides Fogaça, na Vila Trujillo.

O primeiro trecho do BRT a entrar em funcionamento será o Corredor Itavuvu, onde as obras começaram, mas que está praticamente pronto; Corredor Sul, parte da Área Central; Corredor General Osório e Terminal Vitória Régia.

Circularão nessa primeira fase do BRT 29 ônibus do tipo padron e 14 superarticulados, com 23 metros de comprimento.

Nesta semana, começou também o treinamento dos motoristas e funcionários que trabalharão no novo sistema, uma fase importante, pois altera consideravelmente o transporte ao qual o sorocabano está acostumado.

Os ônibus, por exemplo, além da maior capacidade de transporte de passageiros, terão Wi-Fi gratuito para os usuários e tomadas USB para carregamento de celulares; monitoramento interno por câmeras; ar-condicionado e motores mais silenciosos.

A operação será acompanhada por um Centro de Controle Operacional e monitorada por GPS.

Nos corredores principais, os passageiros entrarão nos coletivos em estações próprias construídas nos canteiros centrais das avenidas; e a entrada será pelo lado esquerdo do veículo.

O pagamento será feito para entrar nas estações do sistema e não mais dentro dos ônibus, um sistema semelhante ao do metrô.

É importante que a Urbes ou a própria empresa do BRT crie equipes para orientar corretamente não só os funcionários, mas também usuários.

Trata-se de uma novidade e é preciso explicá-la corretamente.

O metrô paulistano, por exemplo, criou um sistema perfeito de sinalização visual dentro dos veículos e nas estações de embarque.

Funcionários treinados passaram meses dando orientações e conseguiram moldar o comportamento dos usuários no metrô.

Hoje, passadas mais de quatro décadas de funcionamento, ainda é possível perceber que o usuário do metrô não joga lixo em lugar indevido, obedece às orientações de não fumar e zela pelo patrimônio comum.

Jovens que tentam vandalizar os vagões são prontamente advertidos pelos demais passageiros.

É esse espírito que deve ser desenvolvido nos usuários do BRT, um sistema moderno de transporte, com muita tecnologia, mas que precisará ser bem cuidado pelos usuários.

Afinal, o novo sistema tem um custo bastante elevado e exigiu uma cota extra de sacrifício dos sorocabanos.