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Caminho certo

05 de Setembro de 2019 às 00:01

Na semana passada, durante uma coletiva de imprensa no Paço Municipal, a prefeita de Sorocaba Jaqueline Coutinho (PDT) anunciou uma espécie de projeto-piloto que visa dar mais segurança às escolas e creches municipais alvos constantes de furtos, principalmente nos finais de semana e durante a noite. Segundo a prefeita, seis instituições municipais de ensino farão parte do projeto que pretende implantar zeladorias onde deverão morar guardas civis municipais com suas famílias, uma maneira de não deixar os imóveis públicos sem ninguém durante a noite, nos finais de semana e feriados. A instalação de zeladorias, conforme a prefeita, faz parte de um projeto mais amplo que tem como objetivo garantir ou melhorar a segurança nesses estabelecimentos de ensino.

O furto em escolas, creches, unidades básicas de saúde e até Casas do Cidadão tem sido assunto recorrente neste espaço pelo número gigantesco de ocorrências registradas nos últimos meses. Foi comentada a situação de várias escolas municipais, entre elas o CEI 106, localizada no Jardim São Guilherme, que no final do mês de agosto foi alvo de ladrões duas vezes em poucos dias, e o caso do CEI 105, do Jardim Nova Ipanema, que foi invadido nada menos que quatro vezes em uma mesma semana. Essas invasões de ladrões e vândalos obedecem a um padrão já conhecido pela Secretaria de Educação de Sorocaba. Eles furtam preferencialmente equipamentos eletrônicos e computadores, o que prejudica a administração da escola e o processo pedagógico das crianças. Mas os furtos não ficam por aí. Levam cabos e fios elétricos ou destroem ou furtam alimentos utilizados no preparo da merenda dos alunos. As invasões sempre causam prejuízos ao patrimônio do município e também prejudicam a aprendizagem das crianças que, vez ou outra, têm as aulas suspensas para a recuperação dos danos provocados pelos invasores. No caso das unidades de saúde, em mais de uma ocasião houve perda de medicamentos e vacinas que ficaram um longo período sem refrigeração. Segundo a Secretaria de Educação de Sorocaba, foram registradas somente no primeiro semestre deste ano 158 ocorrências de furto em escolas e creches. No ano passado foram 329 casos, um número gigantesco que provocou gasto de R$ 1,4 milhão somente com os reparos nas escolas.

O governo estadual, também preocupado com os altos índices de invasões nas escolas sob sua responsabilidade, também pretende adotar um projeto semelhante, segundo o que foi divulgado pela Secretaria Estadual da Educação. A intenção é colocar policiais da reserva dentro de escolas estaduais para diminuir a criminalidade. O governo também vai propor um projeto de lei com medidas disciplinares para responsabilizar alunos envolvidos em casos de violência e de vandalismo e ainda pretende contratar policiais de folga para reforçar a segurança de 216 escolas do Estado com altas taxas de vulnerabilidade.

O projeto de Sorocaba é mais completo, pois prevê a construção nas escolas de uma zeladoria que possa servir de moradia para um GCM e sua família. A Prefeitura não revela quais escolas abrigarão o projeto-piloto e ainda não há previsão orçamentária para, por exemplo, criar zeladorias em mais unidades. Mas mesmo com zeladoria em poucas unidades, será um avanço, pois servirá para verificar se a iniciativa resultará na queda no número de furtos.

A Guarda Civil Municipal recuperou ontem objetos furtados de uma escola municipal do Mineirão e prendeu dois homens. Por meio de uma denúncia anônima, os guardas chegaram a um jovem usuário de drogas que confessou o furto e indicou um ferro-velho que havia comprado o material furtado, basicamente panelas, equipamentos de cozinha e rolos de fios. No mês de abril a Câmara aprovou projeto que trata do licenciamento de empresas que vendem ferro-velho e sucatas para coibir a comercialização de objetos furtados incluindo fiação elétrica. A apreensão de ontem mostra que este também é um caminho apropriado para combater esses crimes. Apertando o cerco sobre possíveis receptadores, os ladrões terão dificuldade em se desvencilhar do material furtado, desestimulando esse tipo de crime.