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A Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que tem seu campus em Sorocaba, recebeu a nota máxima - 5 - no Conceito Final de Curso obtida por meio do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Desde sua fundação, há 70 anos, a Faculdade de Medicina de Sorocaba, como também é mais conhecida, sempre teve um bom conceito e atraiu estudantes de todo o país. A avaliação, segundo informa notícia publicada no Cruzeiro do Sul, foi realizada in loco por técnicos do Ministério no final de maio, analisando três dimensões do curso: organização didático-pedagógica, infraestrutura e corpo docente.

A Faculdade de Medicina tem uma história que é praticamente a síntese do desenvolvimento do ensino superior em nossa cidade que só surgiu e se firmou em razão da iniciativa da comunidade e autoridades do município. A maioria das instituições de ensino superior foram instaladas graças ao trabalho de voluntários em meados do século passado. A Faculdade de Medicina foi fundada em 1949, mas começou a ser planejada alguns anos antes, graças ao empenho do então prefeito Gualberto Moreira, médico, que conseguiu doações de famílias importantes e grupos industriais para a construção do prédio em área doada pelo município. Quando começou a funcionar só existiam 13 faculdades de Medicina no Brasil, sendo duas em São Paulo -- a da USP e a Escola Paulista de Medicina. A de Sorocaba foi, portanto, a terceira faculdade do gênero do Estado e a primeira do país a funcionar em uma cidade do interior. A faculdade era mantida pela Fundação Sorocaba e somente anos mais tarde, em 1970, foi incorporada à PUC.

Após a instalação da Faculdade de Medicina, a comunidade mobilizou-se novamente para a implantação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que foi criada como uma faculdade municipal e que atraiu professores de renome de São Paulo e do exterior. A Fafi, que funcionou em prédio do bairro Trujillo começou modestamente com apenas alguns cursos -- Pedagogia e Letras Neolatinas -- e mais tarde ganhou outros três: Filosofia, Geografia e História. Foi inicialmente administrada pelo Bispado de Sorocaba.

Com a Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi), outra referência em ensino superior de qualidade, ocorreu praticamente o mesmo. Depois da conquista das duas primeiras faculdades, foi a vez da Faculdade de Direito. O professor e historiador José Aleixo Irmão, em seu livro “Nossa de Direito”, informa que a sugestão partiu do incansável padre André Pieroni e dos advogados Hélio Rosa Baldy e José Pereira Cardoso. Depois das primeiras tratativas na Assembleia Legislativa do Estado, em 1953, que não tiveram êxito, a faculdade foi criada por decreto de 1956 quando foi nomeada a comissão organizadora do curso. O Conselho Nacional de Educação aprovou o pedido de funcionamento em 1957 e no mesmo ano receberam autorização presidencial assinada por Juscelino Kubitschek. A faculdade funcionou inicialmente no prédio da Faculdade de Filosofia e lá permaneceu até que fosse construído seu prédio próprio erguido em terreno do Solar da família Vergueiro, desapropriado pela Prefeitura.

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A Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), outra referência no ensino superior, também surgiu por iniciativa particular a partir do Centro Regional de Tecnologia Santa Escolástica, em meados dos anos 1970, um braço da Companhia Rede Telefônica Sorocabana (CRTS), para formar profissionais capacitados para o setor de telecomunicações. A faculdade foi fundada em 1976 e passou a funcionar em 1977 com dois cursos: Engenharia Elétrica e Engenharia Civil. Quatro décadas depois, em 2018, a Facens é reconhecida como uma das mais importantes faculdades de engenharia do País. Recebeu em um mesmo ano dois prêmios internacionais. Um em Berlim, quando seu programa Smart Campus Facens foi reconhecido como um dos mais inovadores na categoria Internet das Coisas e Universidade do Ano, conquistado junto à Babson Collaborative, ligada à Babson College, dos Estados Unidos.

As universidades públicas só chegaram ao município neste século, depois de intensa campanha encabeçada pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do Cruzeiro do Sul, e foi abraçada por parlamentares, autoridades municipais e estaduais. Como se vê, diante da não existência de cursos superiores públicos nesta região do Estado em meados do século passado, cidadãos empreendedores e interessados na educação arregaçaram as mangas para dar início à enorme diversidade de cursos que a cidade oferece hoje àqueles interessados em estudar.