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As mulheres na política

05 de Janeiro de 2021 às 00:01

O novo ano começou com expectativas. Após 2020 difícil e complicado por conta da pandemia, o mundo inteiro espera que 2021 seja o início do fim da Covid-19 e o retorno à normalidade. Ou ao menos a uma “certa normalidade”.

Na política local, o dia 1º de janeiro marcou também a posse dos prefeitos eleitos Brasil afora. Em matéria publicada na edição de domingo (3), o Cruzeiro do Sul mostrou um breve perfil de cada um dos líderes dos 27 municípios que formam a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). São dados interessantes e curiosos.

A palavra que sobressaiu na análise do quadro político da região foi renovação. Dos 27 municípios da RMS, 18 apresentaram novos gestores e somente nove emplacaram uma reeleição.

Ou seja, em cada três cidades, houve mudança em duas, nas quais a população optou por uma troca de comando. É um sinal de que não é nada fácil conseguir se manter no poder, independentemente da situação.

E dentro desses números, alguns chamam a atenção. O primeiro é que a região tem, a partir de agora, três mulheres como chefes do Executivo. Itapetininga, Tatuí e Votorantim são as três cidades da RMS comandadas por mulheres. Isso representa apenas 11%. É pouco? Sim, claro. Mas está rigorosamente dentro da média nacional.

Nas eleições municipais de 2020, por exemplo, no primeiro turno foram eleitas 651 prefeitas (12,1%) contra 4.750 prefeitos (87,9%), segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar de representarem mais de 51,8% da população e mais de 52% do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda são minoria na política.

O número de mulheres eleitas para prefeituras em 2020 superou o total de 2016, mas o avanço foi tímido. Com o pleito de 2020, elas agora representam 12,2% dos prefeitos eleitos contra 11,6% verificado em 2016.

Já nas Câmaras Municipais o crescimento foi mais acentuado. Em 2016, as mulheres haviam conquistado 13,5% das vagas do Legislativo municipal.

Agora, nas eleições realizadas em 2020, elas deram um salto para 16%. Foram 9.196 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%), em um dos maiores crescimentos registrados nos últimos anos.

Ainda assim, nesse ritmo de avanço de 2016 para 2020, a paridade homem/mulher só poderia ser alcançada após 14 eleições, ou seja, em 56 anos. Ou seja, o Brasil alcançaria a igualdade de gênero nas Câmaras Municipais no ano de 2076.

Proporcionalmente, a capital brasileira que possui mais mulheres eleitas para o Legislativo municipal é Porto Alegre (RS).

Dos 36 eleitos, 11 são mulheres (30,6%) e 25 são homens (69,4%). Já a capital que possui menos vereadoras eleitas, também de forma proporcional, é João Pessoa (PB), com apenas uma mulher (3,70%), contra 26 homens (96,3%).

Os números confirmam que o Brasil segue como um dos países com maior desigualdade de gênero na política, ocupando o 143º lugar no ranking da Inter-Parliamentary Union (IPU).

Entretanto, a situação dos 27 municípios da RMS indica um cenário promissor para elas.

Isso porque, curiosamente, duas das mulheres eleitas estão justamente entre os nove prefeitos que conseguiram a reeleição (Itapetininga e Tatuí).

E a outra foi eleita pela primeira vez (Votorantim). Ou seja, mesmo nesse cenário complicado em relação à aprovação do eleitorado, duas representantes femininas que já estavam no comando de suas cidades conseguiram ser ratificadas nas urnas e partem agora para um segundo mandato.

Reeleita com 61,91% (46.913 votos), Simone Marquetto (PSDB), como é conhecida, governará Itapetininga pela segunda vez.

Justamente ela que foi a primeira mulher na história da cidade a ser eleita chefe do Executivo, em 2016. Formada na área de comunicação, ela tem 45 anos e também é a presidente da RMS e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema.

Entre seus objetivos estão a instalação de um campus da Universidade de Municipal de São Caetano do Sul na cidade, que pode gerar 1.500 empregos.

O outro exemplo de aprovação das urnas a uma prefeita aconteceu em Tatuí, onde Maria José Gonzaga (PSDB) seguirá no cargo máximo. Aos 74 anos, ela obteve 58,29% dos votos (31.861) e conquistou a reeleição para mais quatro anos.

A outra presença feminina em uma chefia do Executivo está em Votorantim. Filha do ex-prefeito Erinaldo Alves da Silva, Fabíola Alves da Silva Pedrico (PSDB) foi escolhida para seu primeiro mandato como prefeita ao obter 28,35% dos votos (14.719).

Do mesmo modo como já aconteceu com Simone Marquetto, em Itapetininga, em 2016, Fabíola é agora a primeira mulher a vencer uma eleição à prefeitura na sua cidade.

Abrir portas para as mulheres não é novidade para ela. Em 2008, tornou-se a primeira mulher a ter uma cadeira no Legislativo do município ao se eleger vereadora.

Desde então vem sendo aprovada pela população de Votorantim, já que foi reeleita como vereadora em 2012 e 2016, antes de chegar à Prefeitura nas urnas de 2020.

Que Simone, Maria José e Fabíola sirvam de inspiração para outras mulheres buscarem cargos eletivos.