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Adaptar é preciso

15 de Dezembro de 2020 às 00:01

O ser humano é uma criatura curiosa. É capaz de inventar coisas maravilhosas como a eletricidade, o avião, computadores etc. Também tem a capacidade de feitos incríveis como enviar alguém ao espaço e chegar à Lua. São milhares de anos de constante evolução, física e mental. É uma criatura dotada de sentimentos, emoções, capaz de fazer arte, criar músicas, construir. Basta vermos tudo o que está à nossa volta. Vejam a medicina! Saímos da Idade da Pedra para intervenções, máquinas e conhecimento inimagináveis.

Infelizmente, porém, esse mesmo ser humano também tem a triste capacidade de cometer coisas terríveis, matar o próximo, extinguir animais, acabar com a natureza, poluir, produzir crimes, guerras e muito sofrimento. Os pessimistas costumam dizer que “o ser humano é um projeto que deu errado”. Não é bem assim. Felizmente há muitas pessoas boas e bem intencionadas na Terra.

E seja você um crítico ou defensor da nossa espécie, uma coisa ninguém pode negar. O poder de adaptação do ser humano é elogiável. Ou melhor, é impressionante. Temos milhares de exemplos ao longo da História. As civilizações antigas, as conquistas marítimas, o enfrentamento de pragas, fenômenos naturais, doenças. Em 1970, por exemplo, o ser humano foi capaz de transformar peças absolutamente aleatórias em um filtro de ar e uma espécie de propulsor para trazer a tripulação da Apollo 13, missão da Nasa, sã e salva de volta à Terra. Também foram os seres humanos que conseguiram bolar um plano e executá-lo com precisão diante de todas as dificuldades e incertezas para resgatar, com vida, 33 mineiros soterrados no Atacama, Chile, em 2010, numa ação que emocionou todo o mundo e também virou filme. Isso para ficarmos em dois exemplos midiáticos.

Agora mais recentemente, estamos tendo a chance de presenciar e acompanhar mais uma demonstração da capacidade de adaptação devido à pandemia. A Covid-19 chegou de repente, pegou o mundo de supetão e deixou a humanidade preocupada, em choque. E o que a maior parte das pessoas fez -- e está fazendo? Adaptando-se ao “novo mundo” sob a sombra da pandemia. O ser humano não se entregou. As pessoas partiram para o contra-ataque. Inventaram novas situações, improvisaram, criaram. No espaço de menos de um ano houve um avanço do mundo digital que não havia sido visto nos últimos 20, 30 anos. O mundo digital chegou com tudo. Do dia para a noite, milhares de atividades passaram a atuar de forma diferente. Muitos negócios tiveram de se reinventar. Palavras como home office, trabalho compartilhado e experiências diferenciadas vieram para ficar. As pessoas tiveram de se reinventar.

São dezenas e dezenas de novas práticas. Muitas delas difíceis, muitas delas melhores. Aulas e cursos passaram a ser dados e recebidos a distância. Surgiu uma telemedicina mais forte e atuante. Os deliveries -- de tudo o que se possa imaginar -- se aprimoraram de tal forma que certamente permanecerão quando o mundo voltar ao “normal”.

“A maior recompensa do ser humano é que enquanto os animais sobrevivem ajustando-se ao meio em que vivem, o homem sobrevive ajustando-se a si próprio”. A frase de Ayn Rand, escritora e filósofa americana de origem russa-judaica e conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo, sintetiza bem o poder de adaptação dos seres humanos desde sempre.

E entre tantas ações especiais que temos observado em todo o mundo, uma chamou a atenção dos sorocabanos na semana passada. Conscientes da importância, inclusive simbólica, da primeira formatura que ocorre na infância, a direção do Colégio Politécnico, administrado pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), criou uma cerimônia absolutamente diferente e marcante em tempos de pandemia. Para permitir que os alunos das duas turmas da Educação Infantil sentissem a emoção desse rito de passagem, foi criado uma cerimônia toda diferente e especial, usando um sistema drive-thru. Respeitando as regras de distanciamento social, as famílias dos estudantes não podiam sair de seus carros e todos tinham de estar com máscara de proteção. Dessa forma, formando uma fila indiana, os carros nos quais estavam os formandos passavam por uma posição em que havia a “cerimônia”. Os pequenos recebiam o diploma, um kit de doces e também posavam para uma foto especial, na qual era inserida a imagem da roupa de formatura e do capelo -- aquele chapéu dos formandos. E tudo registrado e festejado.

Foi mais uma demonstração do alto poder de adaptação e da extrema criatividade das pessoas. Parabéns aos formandos, parabéns às famílias que entenderam a situação e fizeram parte de algo que ficará marcado para sempre. Parabéns aos professores e diretores do Colégio Politécnico. Parabéns aos seres humanos que lutam de todas as formas para combater as adversidades da vida como a atual pandemia. Citando outra frase, esta de Charles Darwin, “na história da humanidade (e dos animais), aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar foram os que prevaleceram”.

Portanto, não tenham a menor dúvida. Vamos prevalecer!