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A praga do vandalismo

02 de Junho de 2020 às 00:01

Escolas municipais e estaduais, unidades de saúde, Centros de Educação Infantil, placas de trânsito, imóveis desocupados, tudo é alvo para os vândalos que agem em Sorocaba. Mesmo no período de quarentena que agora começa a ser flexibilizado, não houve interrupção desses atos antissociais. Pelo contrário, os vândalos aproveitaram que as ruas estavam com menos movimento e prédios públicos fechados por conta do isolamento social para emporcalhar ainda mais a cidade e causar danos que prejudicam toda a coletividade.

Reportagem publicada por este jornal no último domingo mostra que os prédios públicos continuam sendo alvo preferencial das pichações. Segundo levantamento realizado pela Secretaria de Segurança Urbana (Sesu), a pedido do jornal, entre janeiro e maio deste ano, o número de ocorrências chegou a 174, 26% superior ao mesmo período de 2019, quando foram registrados 138 casos. Nos cinco primeiros meses deste ano, somente oito suspeitos de praticarem esses atos foram detidos.

As escolas, que permanecem fechadas desde março quando foram interrompidas as aulas, têm se mostrado o alvo principal dos desocupados. A Secretaria da Educação do município informou que somente neste ano já foram registradas 34 ocorrências de depredação a prédios sob a responsabilidade da Pasta. A Sedu dividiu os casos de vandalismo por regiões geográficas e a zona norte da cidade foi a primeira em número de ocorrências no ano passado, com 205 casos, e neste ano, com 92 ocorrências.

Em seguida, por número de casos, vem a zona oeste, com 86 casos em 2019 e 42 neste ano. Esses dados dizem respeito às escolas da rede municipal. Não há levantamento atualizado sobre o que ocorreu com as escolas estaduais, em maior número, e espalhadas por todas as regiões da cidade. Além de pichações e danos em vidros e instalações, as escolas também se tornaram alvo fácil para ladrões que se aproveitam do fechamento provisório das unidades.

Nos últimos dois meses as unidades da rede municipal foram furtadas ou vandalizadas 59 vezes. A Guarda Civil Municipal, responsável pelos próprios municipais, informa que nos últimos dois meses foram registrados mais de 60% dos casos de todo o ano. Dos 98 casos registrados este ano, em 62 ocorreram furtos e em 34 atos de vandalismo.

É importante lembrar que os furtos, na maioria das vezes, se resumem à retirada de fios e cabos elétricos, eletrodomésticos e produtos da merenda. O CEI 27, localizado na vila Barão, foi o mais visitado tanto por vândalos como pelos ladrões, com dez invasões desde o mês de janeiro. Todas essas invasões e atos de vandalismo trazem prejuízo ao município e principalmente aos alunos, que muitas vezes não podem usar determinados equipamentos danificados ou furtados nas invasões.

Mas escolas representam apenas uma parte dos casos de vandalismo e pichações registrados na cidade recentemente. A obra do artista plástico Chico Niedzielski, que fica permanentemente exposta no Parque das Águas, não escapou dos pichadores, e o prédio do Fórum Velho, onde durante muitos anos funcionou a Oficina Cultural Grande Otelo, pode ser definido como o símbolo do descaso com o patrimônio público.

Com uma reforma de restauração interrompida e com sérios problemas de infiltração, o prédio está fechado há anos e totalmente descaracterizado por inscrições e pichações, tanto na parte externa como no seu interior.

Outro alvo de desocupados tem sido os contêineres que estão estrategicamente espalhados por toda a cidade para acomodar o lixo doméstico da população. Está se tornando comum encontrarmos contêineres queimados nas ruas da cidade, um ato de vandalismo que prejudica diretamente os moradores.

Também é muito comum encontrarmos contêineres danificados, sem as rodas e com as tampas quebradas, que precisam ser removidos para reparos. A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informa que existem 11 mil contêineres de mil litros e 540 unidades de 240 litros à disposição da população. A secretaria não informa a quantidade de recipientes danificados, apenas que tenta repor dentro do prazo de 24 horas.

Os atos de vandalismo, seja uma pichação em prédio público, a quebra de vidraças de uma escola, o furto ou danos em placas de trânsito e a quebra de árvores além de mostrar um lado pouco civilizado de pequena parte da população, resulta em grandes gastos para o poder público que tem que reparar o que foi danificado.

Por isso é importante que a população, sempre que possível, denuncie esses atos, que chame a polícia ou a Guarda Civil Municipal ao ver uma escola invadida ou um prédio público sendo pichado. Não podemos deixar impunes aqueles que danificam o patrimônio público e privado. Talvez só dessa maneira será possível diminuir esses atos antissociais que trazem tantos prejuízos à comunidade.