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A melhor hora para o esporte

07 de Junho de 2020 às 00:01

No vasto e diversificado mundo dos esportes, o desafio do momento -- seguramente a maior crise enfrentada desde os jogos olímpicos da Antiguidade, sete séculos antes de Cristo -- é retomar as atividades dentro do novo normal exigido pela pandemia da Covid-19. Clubes, federações e confederações de todas as modalidades se debruçam sobre propostas que permitam a realização de treinamentos e competições obedecendo às normas de proteção definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e avalizadas por órgãos de saúde da maioria dos países como forma de enfrentar o colapso sanitário desencadeado pelo novo coronavírus. Os 6,5 milhões de infectados e mais de 387 mil mortos contabilizados até ontem no planeta são mais do que suficientes para justificar todas as precauções.

Cada país e categoria desportiva, à sua maneira, busca adaptar procedimentos tradicionais para que o reinício de suas práticas não represente mais perigo para todos os envolvidos nas atividades, incluindo atletas, técnicos e demais profissionais. Apesar dos diferenciais, um protocolo quase unânime neste momento é a ausência de público, devido às dificuldades de controle das normas básicas de segurança, especialmente o distanciamento entre pessoas nas grandes aglomerações. A OMS também chama a atenção para a inconclusão dos estudos sobre a transmissibilidade do vírus por meio do ar, além das gotículas exaladas pelos infectados quando tossem ou espirram. Ou seja, em caso de dúvida, melhor não arriscar. A grande dúvida é a realização dos Jogos de Tóquio-2020. O Comitê Organizador divulgou dias atrás que até março de 2021 não será possível saber com certeza se haverá Olimpíada ou se o evento do Japão terá de ser cancelado por conta da pandemia. Os Jogos deveriam começar no próximo dia 24 de julho, mas a competição foi adiada para 2021.

Com criatividade e bom senso, instituições ligadas ao esporte também estão encontrando caminhos para mitigar a queda abrupta de suas receitas e continuar cumprindo compromissos financeiros. Sem a renda das bilheterias, redução das quotas de televisão e, em muitos casos, perda de patrocinadores, as primeiras reações ficaram no campo da diminuição de salários e até demissões. Agora, no entanto, soluções mais imaginativas começam a surgir para refrear o impacto negativo da pandemia nos caixas de clubes, federações e confederações. O caminho passa pelo e-commerce, benefícios para a conquista e/ou manutenção de sócios-torcedores, ingressos virtuais e até mesmo a instalação de cinema drive-in nas arenas -- iniciativa do Palmeiras no Alianz Parque.

Parâmetros para a volta consciente, no caso do futebol, podem ser buscados na Alemanha e na Costa Rica. Depois de dois meses de paralisação, a Bundesliga reiniciou os campeonatos da primeira e da segunda divisões no dia 16 de maio. Foi a primeira liga europeia a entrar em campo. No país centro-americano, o Torneio Encerramento, também suspenso em meados de março, voltou a ser disputado a partir da terceira semana de maio. Espanha, França, Itália e Inglaterra afinam os seus protocolos de segurança para seus pontapés reiniciais.

O Brasil também está na fase de planejamento visando o retorno das atividades esportivas. No entanto, as agendas ainda estão indefinidas. No futebol, por exemplo, das 27 federações estaduais, apenas a Carioca tem autorização do Poder Executivo para realizar disputas.

Outras modalidades esportivas seguem trajetória semelhante à do futebol e planejam regresso paulatino. É o caso da Fórmula 1, por exemplo, que dá largada para a temporada 2020 no dia 2 de julho com o GP da Áustria. Em todos os casos, as competições ocorrem com portões fechados, ausência total de público, equipes reduzidas -- com limitações até mesmo para a imprensa --, uso de máscaras, distanciamento entre pessoas, testes periódicos para detecção da Covid-19, medição de temperatura e quarentena, entre outras medidas. Algumas precauções chegam a ser curiosas, como as adotadas pelas ligas europeias de futebol, incluindo as proibições de cuspir e assoar o nariz dentro do campo.

De qualquer forma, um parâmetro que não pode ser desprezado em todo e qualquer planejamento voltado ao reinício das atividades desportivas é o estágio da doença em cada região. Infectologistas e estudiosos da Covid-19 em todo o mundo demonstram que não se pode atropelar a trajetória do novo coronavírus. Em outras palavras, se a curva da contaminação e -- principalmente -- de óbitos está em ascensão, como é o caso do Brasil e da maioria dos países americanos neste momento, é preciso aguardar mais um pouco.