Seis meses sem Cracolândia

Por Cruzeiro do Sul

Seis meses após o anúncio do fim da Cracolândia, São Paulo começa a enxergar os primeiros frutos de uma transformação que, por décadas, parecia impossível. A área que simbolizava o abandono humano e patrimonial passou a representar, ainda que de forma inicial, um projeto de reconstrução urbana e social. O governo paulista e a prefeitura da capital conseguiram romper o ciclo de promessas não cumpridas e dar início a uma nova fase na região central, uma fase em que o poder público volta a ocupar, planejar e cuidar da importante região central de São Paulo.

Os resultados ainda são parciais, mas concretos. Onde antes se viam cenas de degradação e tráfico, hoje há policiamento permanente, limpeza, novas frentes de obras e uma ocupação mais diversa. O comércio local começa a renascer, moradores retornam e investidores voltam a olhar para o centro com interesse. Mais importante do que isso, multiplicam-se as ações sociais que dão suporte a quem mais precisa: dependentes em tratamento, pessoas em situação de rua e famílias que buscam recomeçar.

O programa de revitalização do centro, que combina segurança com políticas de acolhimento e habitação, mostra que o enfrentamento da antiga Cracolândia não é mais apenas uma questão de polícia e sim um compromisso de Estado. A criação de moradias populares, o incentivo a empreendimentos e a reabertura de equipamentos culturais demonstram que o governo entendeu algo essencial: sem gente saudável, não há cidade viva.

É verdade que o desafio está longe de terminado. Parte do público atendido migrou para outras regiões e a reintegração social desses indivíduos exige persistência e empatia. Mas o paulistano, que por tanto tempo se acostumou à resignação diante do problema, hoje enxerga esperança. Pesquisas recentes e relatos de quem circula pela região confirmam a sensação de alívio e otimismo. O centro volta a ser espaço de convivência, e não de medo.

Há, finalmente, um sentimento de que São Paulo reencontrou sua capacidade de resolver problemas complexos. A união entre governo estadual, prefeitura e sociedade civil mostra que o combate à degradação urbana — sem deixar de lado o valor humano - é possível quando há continuidade, coordenação e propósito.

Os seis meses sem Cracolândia não encerram uma história, mas inauguram um novo capítulo. Um capítulo em que o centro da cidade volta a pulsar, com trabalho, cultura e cidadania. É um começo, mas um começo promissor. E, para uma cidade como São Paulo, acostumada a recomeçar todos os dias, isso já é uma grande vitória.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) resumiu muito bem essa nova realidade: “O que aconteceu com a Cracolândia não foi mágica. Foi trabalho coordenado, com inteligência e com objetivos muito claros: cuidar das pessoas, combater o crime e devolver o centro de São Paulo ao cidadão. A diferença é que nós não enxergamos a região como apenas um lugar, mas como uma questão socialmente complexa que exige segurança, saúde e dignidade trabalhando juntas. E o resultado está aqui. O que parecia impossível, está acontecendo aqui em São Paulo”, afirmou.

Entre as ações de destaque está também o fim da favela do Moinho, processo em curso liderado pelo Governo de São Paulo que está levando moradia digna para a população que vivia no local e prendendo lideranças do tráfico que abasteciam a região. “A Favela do Moinho era o coração do abastecimento de drogas. Ao desmobilizá-la, quebramos o eixo que sustentava o fluxo”, afirma o governador Tarcísio de Freitas.

Desde 2023, a Política Estadual sobre Drogas foi formalmente instituída e coordenada pelo vice-governador Felicio Ramuth, com articulação direta entre 22 secretarias estaduais e municipais por meio do Protocolo de Ações Integradas. Uma das principais inovações foi a criação do Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas, que articula a rede de atenção psicossocial, com triagem, grupos terapêuticos, atendimentos médicos e encaminhamento a leitos hospitalares especializados para desintoxicação. Em mais de dois anos de funcionamento, foram mais de 35,4 mil atendimentos.

Outra iniciativa para requalificar o centro de São Paulo é a construção do Novo Centro Administrativo nos Campos Elíseos. A iniciativa será viabilizada por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), com duração de 30 anos, que tem inscrições abertas para propostas até 24 de novembro, com leilão marcado para 28 de novembro, na B3, no centro da capital.