Cadê os outros mercados?
A quarta e quinta-feira desta semana foram bastante agitadas, principalmente, nos discursos em torno do tarifaço de Trump aos produtos brasileiros e, ao que parece, pelo uma declaração despertou uma indagação: seria o Brasil dependente economicamente dos Estados Unidos? Na quarta-feira, o presidente Lula falou assim: “Nós vamos ter que procurar outros parceiros. O mundo é grande, o mundo está ávido para fazer negociação com o Brasil ... E nós também estaremos dando ao mundo uma saída, porque muitos países estão na mesma dificuldade que o Brasil. Então estamos mostrando que é assim que se faz”, ressaltou Lula.
“Fizemos uma grande decisão para ajudar as empresas brasileiras que exportam (...) Nós não vamos ficar chorando porque ele parou de comprar não, nós vamos tentar vender para a China, para a Índia, para a Rússia, para qualquer lugar”, disse Lula.
Já na quinta-feira, Lula manteve o tom dos discursos: “Se os EUA não quiserem comprar, não tem importância, não vou ficar chorando, não vou ficar rastejando, eu vou procurar outros países para vender o que nós vendemos para ele e vamos seguir em frente”, acrescentou.
A fala de Lula sugere que o Brasil estava tranquilo com a parceria comercial com os Estados Unidos ao ponto de não trabalhar na busca por novos mercados para os produtos brasileiros e que, somente agora, com o tarifaço norte-americano, o País “descobriu” que pode e deve fazer negócios com outros países. Mostrou, ainda, que a dependência de um único [ou poucos] mercado é um risco estratégico.
O que se espera que é realmente existam países interessados em comprar produtos brasileiros e que essas eventuais negociações não demorem a acontecer. Também é necessário ficar na torcida contra os efeitos negativos das retóricas presidenciáveis, tanto do lado brasileiro quanto do lado norte-americano.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quinta-feira que o Brasil é um dos “piores parceiros comerciais” dos EUA. “O Brasil tem sido horrível em relações comerciais conosco”, disse Trump. Segundo ele, o “Brasil aplica tarifas tremendas sobre os EUA”. E continuou: “Como vocês sabem, eles nos cobram tarifas altíssimas, muito, muito mais do que nós cobrávamos deles”.
Trump falou sobre o assunto após ser questionado se não se preocupava que países como o Brasil estejam se aproximando da China. Ele pontuou que não se preocupa porque, entre outros fatores, os Estados Unidos estão impressionando “todo mundo” e “indo melhor do que qualquer país” em termos de economia. “Não, não estou preocupado nem um pouco. Não, eles podem fazer o que quiserem, eles não estão indo muito bem”, enfatizou.
Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial para o qual o Brasil mais exporta, atrás apenas da China, mas o País importa mais do que exporta para os EUA.
No fim daquele dia, o presidente brasileiro rebateu a crítica. “É mentira que o Brasil seja mau parceiro. O Brasil é bom, só não vai andar de joelhos para governo americano. Eles estão nos ameaçando todos os dias”, disse.
O mercado internacional está aí, teoricamente aberto: A China realmente é o maior destino de exportações brasileiras. Os EUA são grandes compradores de commodities, produtos agrícolas, minérios e importações. A União Europeia, em especial a Alemanha, Países Baixos, Itália, Espanha, também compra commodities, sucroalcooleiros, carnes, café, café verde, farelos, etc.
Argentina e outros países da América Latina também são bons compradores de produtos brasileiros, assim com Japão e Coreia do Sul.
Entre os principais produtos brasileiros vendidos no exterior estão: soja e derivados, minério de ferro, ouro e outros minérios, milho, açúcar, etanol, café, celulose, carnes, petróleo e derivados e produto agrícolas diversos.
Dos EUA, especificamente, o Brasil importa uma variedade de produtos, entre eles turboreatores, gás natural, óleos combustíveis, e produtos da indústria de transformação, como máquinas e equipamentos não elétricos, além de partes de aeronaves e medicamentos. Outra saída para o País é garantir investimentos à indústria nacional para produzir aqui o que precisa buscar lá fora.