Editorial
Luta contra a poliomielite não tem dia para acabar
Desde ontem (27), os pais ou responsáveis por todas as crianças menores de 5 anos precisam levá-las aos postos de saúde para que elas possam ser imunizadas contra a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 95% de um total de 13 milhões de crianças na faixa etária definida e a expectativa é de reduzir o número de crianças não imunizadas e o risco de reintrodução do poliovírus no Brasil. A vacinação é a única forma de prevenção contra a doença.
O último caso de paralisia infantil ocorreu em 1989, na cidade de Souza, na Paraíba. A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional desde 1994, quando foi emitido o certificado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). Apesar disso, o Brasil encontra dificuldades para atingir a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida. Em 2021, o País foi classificado pela Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite na Região das Américas como território de alto risco para reintrodução do poliovírus. E isso é preocupante, já que a poliomielite figura, atualmente, como a única emergência em saúde pública de importância internacional mantida pela OMS. A doença permanece endêmica no Afeganistão, Nigéria e Paquistão.
Na luta contra a doença, é necessário o envolvimento dos pais ou responsáveis e das ações governamentais, associadas aos esforços da iniciativa civil. À medida que a luta contra a pólio une comunidades em todo o mundo, associados do Rotary, por exemplo, usam métodos comprovados e ideias inovadoras para aumentar a conscientização, a arrecadação de fundos e o apoio à causa. Da Europa à África e da Ásia às Américas, os rotarianos permanecem comprometidos com a erradicação da doença. Graças à dedicação do Rotary e dos seus parceiros, mais de 16 milhões de pessoas não contraíram a poliomielite e estão vivendo com dignidade. Desde 1988, foram imunizadas mais de 2,5 bilhões de crianças contra a doença.
A campanha deste ano, em particular, é importante para o enfrentamento à poliomielite uma vez que o Brasil está em fase de transição para substituir as duas doses da vacina oral poliomielite (VOP) para apenas um reforço com a vacina inativada poliomielite (VIP), no formato injetável. Com a mudança, o esquema vacinal e a dose de reforço contra a doença, a partir do segundo semestre deste ano, serão feitos exclusivamente com a VIP.
Como toda campanha de vacinação em território nacional, o Ministério da Saúde recomenda que Estados e municípios realizem, no dia 8 de junho, um sábado, o Dia D da vacinação contra a paralisia infantil, no intuito de ampliar a divulgação e a mobilização em todo o País.
Por qual motivo há toda essa mobilização em torno da conscientização contra a doença? A notícia de sua erradicação, acabou provocando, na opinião pública, uma sensação de que a poliomielite nunca mais seria um risco à saúde e bem-estar das crianças com menos de 5 anos de idade. Porém, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década. Uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível, geralmente das pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios. Os casos da doença diminuíram mais de 99% ao longo dos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para seis casos reportados em 2021 em todo o mundo.
Importante levar a sério o aviso do virologista Edson Elias, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz): “Após a infecção, não há cura para a paralisia infantil. Uma vez paralítica, a criança está paralítica pelo resto da vida, é um grande drama. A melhor prevenção é a vacina”. A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite vai até 14 de junho.