Editorial
Colher os frutos sem derrubar a árvore
Segundo os números divulgados nesta terça-feira (28), a taxa média de desocupação no ano passado ficou em 9,3%
O Brasil terminou o ano de 2022 com uma das menores taxas de desemprego desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mudou a metodologia em 2015. Foi nessa data que se estabeleceu a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Antes disso, os estudos levavam em conta apenas dados de seis regiões metropolitanas espalhadas pelo país, o que não permitia que se tivesse um quadro mais abrangente da situação real do desemprego.
Segundo os números divulgados nesta terça-feira (28), a taxa média de desocupação no ano passado ficou em 9,3%, bem inferior à registrada no fim de 2021, que era de 13,2%.
Em relação à população desocupada média, o país totalizou 10 milhões de pessoas, queda de 3,9 milhões (uma redução de 27,9%) em relação ao ano anterior. A população ocupada média no ano atingiu 98 milhões, 7,4% acima de 2021.
O nível médio de ocupação, ou seja, o percentual de pessoas em idade de trabalho, que estão efetivamente ocupadas, ficou em 56,6% em 2022; segundo ano de crescimento consecutivo depois de atingir o menor patamar em 2020 (51,2%), no auge da pandemia da Covid-19.
A taxa de desocupação no Brasil no trimestre encerrado em dezembro ficou em 7,9%, de acordo com os dados mensais da Pnad Contínua. O resultado ficou dentro das expectativas dos analistas de mercado que estimavam uma taxa de desemprego entre 7,7% e 8,1%, e em linha com a mediana de 7,9%.
Em igual período de 2021, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 11,1%. No trimestre móvel até novembro, a taxa de desocupação estava em 8,1%.
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.808 no trimestre encerrado em dezembro. O resultado representa alta de 8,3% em relação ao mesmo trimestre de 2021.
Já a massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 274,35 bilhões no trimestre encerrado em dezembro, alta de 12,8% ante igual período do ano passado.
Só no último trimestre do ano passado, o país registrou uma abertura de 101 mil vagas no mercado de trabalho. Em dezembro, 99,37 milhões de pessoas estavam ocupadas, um aumento, em um ano, de 3,622 milhões de pessoas.
Um dado fantástico, uma vez que esse número pode ser multiplicado por quatro para se estabelecer o número de pessoas beneficiadas se levarmos em conta que um novo cidadão empregado sustenta outras tantas pessoas.
Na outra ponta da régua, constata-se que a população desocupada diminuiu em 888 mil pessoas em um trimestre. Em um ano, 3,439 milhões de pessoas deixaram a situação de desemprego.
O levantamento divulgado agora pelo IBGE mostra os acertos da política econômica do ex-ministro Paulo Guedes. Ele tinha a capacidade de antever os movimentos do mercado e antecipar medidas e isso garantiu um ótimo resultado para o Brasil. Repetir essa experiência, no atual governo, vai ser praticamente impossível.
Os atuais mandatários da economia preferem partir de ideologias pré-concebidas e forçar o sistema a adaptar-se a elas, mesmo que tudo indique que o resultado será desastroso.
Essa política experimental deve prejudicar bastante o crescimento do país e elevar o desequilíbrio das contas púbicas, gerando um mundo de incertezas para quem pretende, ou pretendia, investir no Brasil.
Não há prova maior desse argumento do que a situação provocada pelo rombo nas contas das Lojas Americanas. O Governo Federal, até agora, está tratando o caso como isolado, só que o medo de novas quebras fez o sistema bancário reduzir consideravelmente os empréstimos, estrangulando outras empresas que viviam há tempo desse dinheiro.
Sem ter como rolar as dívidas, muitas empresas acionaram o freio e já consideram sequer pagar o que foi contratado. Uma quebradeira geral está prestes a ocorrer.
O resultado final disso será a demissão de milhares de funcionários, aí a taxa de desemprego volta a subir e é o governo que vai arcar com essa conta.
Todo o esforço de Paulo Guedes, nos últimos anos, está a alguns passos de ir para o brejo. É apenas questão de tempo e de imprudência.