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Editorial

O Brasil que queremos e o Brasil que teremos

Hoje se inicia a transição entre os representantes do atual Governo e os indicados pelo presidente eleito

03 de Novembro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Cezar Ribeiro (1/11/2022))

Desde o último domingo (30), milhares de manifestantes foram às ruas indignados com o resultado das eleições. Aos poucos, centenas de rodovias, em todos os Estados do país, foram bloqueadas por caminhoneiros e por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro. Os protestos se estenderam para praças, avenidas e para a porta dos quartéis.

Famílias inteiras vestidas de verde-amarelo decidiram, espontaneamente, lutar por um país diferente, sem o temor da volta da corrupção desenfreada dos governos petistas e sem o risco do país adotar um sistema totalitário de esquerda onde a liberdade de expressão e as garantias individuais não são respeitadas.

Em Sorocaba, as manifestações começaram na tarde de segunda-feira (31) com o bloqueio das pistas da rodovia Raposo Tavares. Na manhã de terça-feira (1º), as interdições foram ampliadas para a Castelinho. Ontem (2) cerca de quatro mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram em frente ao prédio da 14ª CSM, no bairro de Santa Rosália. O discurso é um só, a luta por um Brasil melhor. Todas as manifestações foram monitoradas e acompanhadas, de perto, pela Polícia Militar que negociou soluções que permitissem o direito de ir e vir de quem se sentisse prejudicado. Protestos semelhantes foram registrados em outras cidades da Região Metropolitana como Votorantim, Itu e Itapetininga.

Segundo o levantamento divulgado, ontem, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 600 ações de interdição ou bloqueios em estradas federais já oram desfeitas no país. A PRF informou que os bloqueios são interrupções totais das vias, enquanto as interdições mantêm o fluxo parcialmente impedido.

O balanço mostra ainda que em 15 estados as manifestações permanecem. São 98 pontos de interdição e 52 pontos de bloqueio. Santa Catarina é o estado com mais bloqueios (36), seguido pelo Paraná (10) e pelo Rio Grande do Sul (3). As interdições ocorrem em maior número em Mato Grosso (30), Pará (17), Rondônia (12) e Paraná (10).

Em São Paulo, a Tropa de Choque da Polícia Militar conseguiu, depois de muito negociação, liberar as faixas da Rodovia Castello Branco, na região de Barueri. Já nas rodovias estaduais, a PM informou que 109 estradas foram liberadas, 135 estão parcialmente liberadas e há 20 interditadas.

As imagens dos protestos estão correndo o mundo e seu caráter pacífico tem causado um certo estranhamento. Lá fora ninguém consegue entender o que senhoras de andador, crianças, donas de casa carregando comida e café estão fazendo nas ruas protestando contra um governo recém-eleito. Eles não conseguem entender também o motivo dos manifestantes celebrarem a chegada de policiais e soldados que, em tese, foram deslocados para o local para reprimir as manifestações. Fica difícil de explicar para quem vive lá fora como famílias inteiras decidem se ajoelhar e orar, na beira da estrada, como forma de pedir um futuro melhor. Que o Hino Nacional seja a música mais entoada nos protestos. E que as autoridades judiciais tenham enorme dificuldade de punir ou prender as lideranças que insistem em subverter a lei simplesmente pelo fato do movimento não estar ligado a nenhum grupo organizado ou partido político.

Todo esse cenário visto atualmente no Brasil faz muita gente pensar. Qual é a realidade do país hoje e o que está por vir? Quem está com a razão? Os que apoiam o partido que venceu as eleições ou os que protestam nas ruas, estradas e praças.

Só o tempo vai poder responder todas essas perguntas. Hoje se inicia a transição entre os representantes do atual Governo e os indicados pelo presidente eleito. Nas próximas semanas vamos saber melhor o que está por vir. Com as cartas na mesa, será possível avaliar o País que teremos e compará-lo com o País que queremos.