Combater o crime de forma coordenada

O importante é que Sorocaba não seja atingida pela onda de crimes violentos que se instalou em outras regiões

Por Cruzeiro do Sul

Sorocaba registrou, no primeiro trimestre deste ano, alta nos índices de criminalidade. Dos dezessete tópicos monitorados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, oito subiram na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Os dados devem ser relativizados uma vez que a cidade enfrentava, nos primeiros meses do ano passado, os efeitos de mais um confinamento obrigatório por causa da pandemia do novo coronavírus, e isso dificulta a comparação.

Mesmo assim devemos estar alertas para que esse avanço da criminalidade não se intensifique. É mais fácil investir já em ações preventivas do que controlar a situação depois que o estrago estiver feito.
Os crimes que registraram alta foram o homicídio culposo por acidente de trânsito (quando não há intenção de matar), lesão corporal seguida de morte, estupro, roubo em geral e de carga, e furtos. Já os casos de homicídio doloso (intencional), de tentativa de homicídio, de lesão corporal dolosa, de lesão corporal culposa por acidente de trânsito e os outros tipos de lesão corporal culposa tiveram redução. Os dados estão no relatório mensal divulgado pela Segurança Pública no final de abril.

Os furtos tiveram a maior alta no comparativo de primeiros trimestres, passando de 1.426 no ano passado para 2.066 neste ano (47%). Em seguida, aparecem os roubos de veículo com 30% de alta e os roubos em geral com 23%.

Como se pode notar, os crimes com maior crescimento são todos de cunho patrimonial. Os furtos, pequenos roubos e a subtração de veículos são peças chave nas mãos dos marginais que precisam de dinheiro rápido para, na maioria das vezes, sustentar o vício em drogas. Cercar os receptadores é o caminho para coibir esse tipo de ação. A fiscalização de ferros-velhos irregulares e de desmanches que funcionem fora da legalidade é vital nesse processo.

O importante é que Sorocaba não seja atingida pela onda de crimes violentos que está se instalando em outras regiões do Estado.

Na capital paulista, a situação é tão grave que o governo estadual anunciou, na quarta-feira (4) a intenção de praticamente dobrar o efetivo policial que atua diariamente nas ruas. É uma tentativa de frear a onda de furtos e roubos que tem assustado os moradores nas últimas semanas. A iniciativa está sendo chamada de Operação Sufoco.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) chegou a ameaçar os criminosos. “Quem levantar arma contra a polícia vai levar bala”, disse ele. O governo estima que com a nova operação em andamento, 1.500 viaturas circulem por dia na capital, com apoio de seis helicópteros e drones que vão ser usados para sobrevoar as marginais e os corredores viários. O pacote é uma tentativa de dar resposta rápida aos casos recorrentes de roubos violentos na capital. No mês passado, o caso de um jovem estudante morto por um falso entregador, no Jabaquara, chamou a atenção para a gravidade do problema. A estimativa é que o custo mensal de todo esse aparato policial chegue aos R$ 41,8 milhões, considerando o pagamento das jornadas extras dos policiais e a utilização das viaturas e das aeronaves.

É importante que medidas semelhantes a essa sejam adotadas em todo o Estado. Se a polícia intensificar o combate ao crime só na região metropolitana de São Paulo é grande a possibilidade que os bandidos se desloquem para o interior, áreas próximas da capital e menos protegidas pelas forças de segurança. Se o trabalho não for coordenado, o risco é grande de enfrentarmos, nos próximos meses, situações mais graves que as que vivemos hoje.

O combate à criminalidade deve ser uma constante em todas as esferas. Não se pode, simplesmente, espalhar os criminosos de uma zona conflagrada para outras e achar que assim o problema está resolvido. Precisamos de ações efetivas em todas as regiões do Estado e não a mera diluição de estatísticas adversas.