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Editorial

Investimento e liberdade de expressão

O encontro do presidente brasileiro com Elon Musk por si só foi um grande evento político

21 de Maio de 2022 às 22:45
Cruzeiro do Sul [email protected]
Presidente Jair Bolsonaro, o bilionário americano Elon Musk e o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Presidente Jair Bolsonaro, o bilionário americano Elon Musk e o ministro das Comunicações, Fábio Faria. (Crédito: Kenny Oliveira / AFP (20/5/2022))

O encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o bilionário americano Elon Musk, sexta-feira (20), num hotel em Porto Feliz, na região Metropolitana de Sorocaba, ganhou destaque no Brasil e no Mundo. O assunto chegou ao topo dos temas mais comentados nos rankings das principais redes sociais.

A reunião foi articulada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e durante o evento foi lançado um projeto envolvendo a rede de satélites da SpaceX - empresa de tecnologia aeroespacial do bilionário. Musk prometeu que esse projeto vai garantir internet de alta velocidade e conectar escolas na zona rural e também ‘monitorar a Amazônia‘.

O presidente Bolsonaro preferiu ser mais cauteloso e disse que a visita de Musk foi mais uma cortesia do que uma reunião de negócios.

‘O que mais nos chamou a atenção foi sua preocupação com a Amazônia de verdade‘, declarou o presidente. ‘Tanto é que quando você (Musk) comprou o Twitter muita gente aqui no Brasil viu como se fosse um grito de independência‘, acrescentou. ‘Nosso governo trabalhará para encarnar o seu espírito, da importância da liberdade de todos nós.‘

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval à Starlink para operar satélites que circulam em órbita mais baixa sobre o território brasileiro, mas a operação ainda não foi iniciada. Musk também fechou, em abril, um acordo para adquirir o Twitter em uma transação avaliada em US$ 44 bilhões. A operação, contudo, está suspensa. E a polêmica é o que não falta na negociação para a aquisição do Twitter. Musk tem criticado fortemente a política de moderação da empresa e já disse, várias vezes, que mudanças seriam feitas após adquirir o controle da empresa.

Um dos pontos centrais é a redução na moderação de conteúdo, uma das bandeiras defendidas por grupos de direita, que consideram o atual modelo um ataque à liberdade de expressão.

A parceria Musk/Twitter é bem vista pelos apoiadores da reeleição do presidente Bolsonaro. Em 2018, quase toda a campanha dele foi baseada na forte presença nas redes sociais. Na época ele defendia que a ‘liberdade simbolizada pelo telefone celular‘ não pode ser calada.

Depois da compra do Twitter por Musk, o número de novos seguidores do presidente Bolsonaro e de seus apoiadores cresceu. Atualmente, considerando apenas essa rede, Bolsonaro tem mais de 8 milhões de seguidores. Para se comparar, o ex-presidente Lula tem 3,5 milhões. Menos da metade dos seguidores de Bolsonaro.

O encontro do presidente brasileiro com Elon Musk por si só foi um grande evento político. E os resultados mais expressivos ainda estão por vir. A possibilidade de 19 mil escolas da região amazônica ganharem conexão de qualidade com a internet possibilitará um avanço fantástico para a educação da região. O uso de satélites para monitorar mais de perto a floresta amazônica, também será um ganho. E a aproximação do governo brasileiro com quem tem bilhões de dólares para investir traz a esperança da geração de mais empregos e da instalação de novas indústrias.

Agora é só esperar os projetos e as negociações avançarem para o Brasil poder começar a colher os primeiros frutos.