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Editorial

Combater o crime de forma coordenada

O importante é que Sorocaba não seja atingida pela onda de crimes violentos que se instalou em outras regiões

07 de Maio de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (15/12/2020))

Sorocaba registrou, no primeiro trimestre deste ano, alta nos índices de criminalidade. Dos dezessete tópicos monitorados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, oito subiram na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Os dados devem ser relativizados uma vez que a cidade enfrentava, nos primeiros meses do ano passado, os efeitos de mais um confinamento obrigatório por causa da pandemia do novo coronavírus, e isso dificulta a comparação.

Mesmo assim devemos estar alertas para que esse avanço da criminalidade não se intensifique. É mais fácil investir já em ações preventivas do que controlar a situação depois que o estrago estiver feito.
Os crimes que registraram alta foram o homicídio culposo por acidente de trânsito (quando não há intenção de matar), lesão corporal seguida de morte, estupro, roubo em geral e de carga, e furtos. Já os casos de homicídio doloso (intencional), de tentativa de homicídio, de lesão corporal dolosa, de lesão corporal culposa por acidente de trânsito e os outros tipos de lesão corporal culposa tiveram redução. Os dados estão no relatório mensal divulgado pela Segurança Pública no final de abril.

Os furtos tiveram a maior alta no comparativo de primeiros trimestres, passando de 1.426 no ano passado para 2.066 neste ano (47%). Em seguida, aparecem os roubos de veículo com 30% de alta e os roubos em geral com 23%.

Como se pode notar, os crimes com maior crescimento são todos de cunho patrimonial. Os furtos, pequenos roubos e a subtração de veículos são peças chave nas mãos dos marginais que precisam de dinheiro rápido para, na maioria das vezes, sustentar o vício em drogas. Cercar os receptadores é o caminho para coibir esse tipo de ação. A fiscalização de ferros-velhos irregulares e de desmanches que funcionem fora da legalidade é vital nesse processo.

O importante é que Sorocaba não seja atingida pela onda de crimes violentos que está se instalando em outras regiões do Estado.

Na capital paulista, a situação é tão grave que o governo estadual anunciou, na quarta-feira (4) a intenção de praticamente dobrar o efetivo policial que atua diariamente nas ruas. É uma tentativa de frear a onda de furtos e roubos que tem assustado os moradores nas últimas semanas. A iniciativa está sendo chamada de Operação Sufoco.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) chegou a ameaçar os criminosos. “Quem levantar arma contra a polícia vai levar bala”, disse ele. O governo estima que com a nova operação em andamento, 1.500 viaturas circulem por dia na capital, com apoio de seis helicópteros e drones que vão ser usados para sobrevoar as marginais e os corredores viários. O pacote é uma tentativa de dar resposta rápida aos casos recorrentes de roubos violentos na capital. No mês passado, o caso de um jovem estudante morto por um falso entregador, no Jabaquara, chamou a atenção para a gravidade do problema. A estimativa é que o custo mensal de todo esse aparato policial chegue aos R$ 41,8 milhões, considerando o pagamento das jornadas extras dos policiais e a utilização das viaturas e das aeronaves.

É importante que medidas semelhantes a essa sejam adotadas em todo o Estado. Se a polícia intensificar o combate ao crime só na região metropolitana de São Paulo é grande a possibilidade que os bandidos se desloquem para o interior, áreas próximas da capital e menos protegidas pelas forças de segurança. Se o trabalho não for coordenado, o risco é grande de enfrentarmos, nos próximos meses, situações mais graves que as que vivemos hoje.

O combate à criminalidade deve ser uma constante em todas as esferas. Não se pode, simplesmente, espalhar os criminosos de uma zona conflagrada para outras e achar que assim o problema está resolvido. Precisamos de ações efetivas em todas as regiões do Estado e não a mera diluição de estatísticas adversas.