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Editorial

Melhor prevenir do que remediar

Como reservatório de Itupararanga superou os 40%, prefeitura pode acabar com racionamento. Mas medida precisa ser tomada com cuidado e sem pressa

09 de Fevereiro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: Fábio Rogério (7/2/2020))

Após meses preocupantes por conta da longa estiagem no ano passado e da possibilidade de falta d‘água em muitas regiões, a crise hídrica que assombrava os sorocabanos parece ter dado uma boa trégua.

Nas últimas semanas, são vários acontecimentos positivos nessa seara. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os acumulados de chuva em janeiro de 2022 ultrapassaram a média do mês no Estado de São Paulo, o que contribuiu para elevar o volume útil da represa de Itupararanga, responsável pelo abastecimento de 85% de Sorocaba e também de outras cidades da Região Metropolitana (RMS). Segundo a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), responsável pela gestão do reservatório, o volume útil da represa de Itupararanga estava em 41,17% anteontem, e desde dezembro de 2021, o nível já subiu cerca de três metros.

O cenário é bem diferente daquele de dois meses atrás. Apesar de cair para 18%, em dezembro, na pior seca dos últimos 96 anos, o reservatório mostra sinal de recuperação por conta das constantes e volumosas chuvas das últimas semanas.

Assim, devido ao fato de o nível ter superado o patamar de 40%, a Prefeitura de Sorocaba poderá anunciar, na semana que vem, o fim do racionamento de água na cidade, que inicialmente está previsto para ir até 25 de janeiro.

Desde o último dia 17 de janeiro, os moradores de Sorocaba enfrentam o racionamento de água para colaborar com a recuperação do nível da represa. A prefeitura já anunciou uma entrevista coletiva sobre a questão para o próximo dia 17 de fevereiro, quando a gestão municipal fará a atualização sobre o plano de racionamento de água na cidade e a situação hídrica.

Independentemente de já ter atingido o patamar que havia sido estipulado pelo prefeito Rodrigo Manga para voltar à normalidade, é preciso refletir bastante antes de colocar um ponto final no racionamento. São vários os motivos. Primeiramente, o próprio fato de “estar em racionamento” já acende um sinal de alerta no inconsciente da população, para que ela valorize a água e siga tentando economizar o que for possível. Se mesmo sob racionamento já temos registro de inúmeros casos de desperdício, acabar com o racionamento é quase como dizer “a água voltou, podem abusar”. E sabemos que não é bem assim. Portanto, antes de liberar tal situação o ideal é conseguir acumular o máximo possível para os tempos de seca que virão pela frente.

Inclusive, a maioria dos especialistas sustentam que, apesar do ótimo reforço dado pelas chuvas, o ideal é que a represa atinja pelo menos 50% de sua capacidade antes de pôr fim ao racionamento. É preciso lembrar: a situação era tão crítica que, até o momento, houve apenas uma recuperação parcial do manancial. Com o aumento das chuvas nas últimas semanas, os índices chegaram próximo da média histórica, mas não a ultrapassaram. Espera-se que as tradicionais chuvas de março -- e demais medidas que foram tomadas para recuperar o reservatório, como a redução da captação de água do reservatório -- sejam suficientes para que o nível supere os 50% em breve. Mas nunca se sabe. O velho ditado já dizia que é melhor prevenir do que remediar.

Também é preciso estar preparado para enfrentar o próximo período de estiagem, que normalmente vai até outubro, principalmente nos meses de outono e inverno, quando praticamente não chove.

O racionamento de água adotado na região e o volume de precipitações têm sido importantes para a recuperação do reservatório de Itupararanga. Nesse sentido, um eventual fim do racionamento deve ser tratado com muito cuidado e atenção. O mais prudente é aguardar até o final do mês para se ter uma real noção do comportamento das chuvas em Sorocaba e na região.