Círculo virtuoso precisa ser alimentado

Empresários e economistas alertam que o processo não pode parar. Não se pode "dormir em berço esplêndido" ou "viver da fama"

Por Cruzeiro do Sul

No último mês do ano passado, Sorocaba apresentou saldo negativo de 1.299 vagas

Descontada a inflação de dois dígitos -- oriunda de componentes externos e, ao que tudo indica, já com os dias contados -- e alguns percalços pontuais, a economia brasileira inicia 2022 demonstrando potencial de evolução positiva e consistente.

Além do progressivo recuo do desemprego, apontado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segue-se o saldo recorde na balança comercial.

A melhor notícia é que Sorocaba não apenas acompanha a tendência nacional, como ainda apresenta índices superiores à média do País na maioria dos casos.

Enquanto o contingente de brasileiros ocupados cresceu 3,6% no trimestre encerrado em novembro, na comparação com o período anterior, no município o incremento de postos de trabalho se aproximou de 4,5%.

No acumulado de janeiro a novembro de 2021, todas as empresas sorocabanas juntas criaram 15.226 novos empregos formais.

A cifra é infinitamente maior do que a do ano anterior, quando o município fechou 948 vagas. Ou seja, a cidade passou de um cenário negativo para outro altamente positivo em plena pandemia de Covid-19.

No âmbito do comércio exterior, o total das vendas das empresas sorocabanas superou a taxa de crescimento nacional em exatos dez pontos percentuais. É relevante destacar que o País obteve em 2021 o melhor resultado dos últimos 32 anos.

As exportações brasileiras cresceram 21,1% nos 12 meses do ano passado, na comparação com o resultado obtido em 2020. Sorocaba, por sua vez, apresentou salto positivo de 31,1% em apenas onze meses -- de janeiro a novembro de 2021, na confrontação com todo o ano de 2020. Os números do comércio exterior dos municípios relativos a dezembro ainda não foram divulgados.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as vendas das empresas sorocabanas para outros países subiram de US$ 868.327.846,00 em 2020 para US$ 1.272.766.753,00 no período de janeiro a novembro do ano passado.

Levantamento feito pelo jornal Cruzeiro do Sul demonstrou que a média mensal também aumentou e, de acordo com os dados, é a maior desde 2011 e ainda a terceira da série histórica divulgada desde 1997, perdendo apenas para 2008 e 2011.

As vendas de produtos sorocabanos para outros países tiveram aumento real de US$ 402 milhões -- quase R$ 2,3 bilhões -- nos 11 meses de 2021 na comparação com os 12 meses do ano anterior.

O cenário continua positivo quando se compara a média mensal das exportações: passou de US$ 72,3 milhões para quase US$ 116 milhões a cada período de 30 dias. O aumento registrado foi de expressivos 60%.

Evidente que os números relativos às exportações de Sorocaba não se mantêm quase sempre positivos por acaso, muitas vezes contrariando crises de âmbito nacional e até mundial, como é o caso do caos gerado pelo novo coronavírus.

Estudiosos do tema concordam que a resiliência sorocabana resulta de um processo iniciado há décadas, por meio de sólida parceria envolvendo o setor empresarial, as instituições formadoras de mão de obra e o poder público.

Os reflexos disso abrangem todas as demais áreas da economia local, movimentando desde supermercados e mercado imobiliário até a construção civil.

As exportações sorocabanas têm conseguido evoluir positivamente graças à diversificação da produção local. Enquanto as vendas brasileiras no comércio exterior estão concentradas nos produtos primários, como soja, minério de ferro e petróleo -- as tradicionais commodities --, Sorocaba leva para outros países principalmente produtos industrializados.

Dessa forma, as vendas do município mantiveram tendência de alta nos últimos 24 anos, com raras oscilações negativas. Desde 1997, a cidade já exportou quase U$ 22,6 bilhões, o equivalente a quase R$ 129 bilhões na cotação atual.

No entanto, apesar do círculo virtuoso vivenciado pelas exportações e pela economia local como um todo, empresários e economistas alertam que o processo não pode parar. Não se pode “dormir em berço esplêndido” ou “viver da fama”.

Ao contrário, o momento exige mais planejamento, mais investimentos, mais incentivos, mais mão de obra especializada, mais inovações tecnológicas e, principalmente, políticas públicas responsáveis. Em outras palavras, é hora de união, pois todos nós somos responsáveis pelo futuro de Sorocaba.