Esporte
Vamos subir, Bento!
O maior desafio para dirigentes e comissão técnica beneditinos é montar um time competitivo com uma redução de 80% da cota de recursos
Em menos de 20 dias, no dia 26 de janeiro, o São Bento fará a sua estreia no Campeonato Paulista da Série A2, sua principal competição nesta temporada. Então já acostumado a disputar a elite do futebol paulista e as divisões de acesso do Campeonato Brasileiro durante cinco anos, o clube vem de seguidos tropeços e precisou rever seus processos para, numa longa reconstrução, voltar a sonhar em estar entre os 16 melhores do Estado e, depois, retornar ao campeonato nacional.
O maior desafio para dirigentes e comissão técnica beneditinos é montar um time competitivo com uma redução de 80% da cota de recursos disponibilizada pela Federação Paulista de Futebol (FPF). Sim, o abismo entre Paulistão e Série A2 é enorme -- pois esta não conta, principalmente, com verba de TV aberta, sendo televisionada exclusivamente pela internet e aplicativos de streaming.
Sem revelar os valores da folha de pagamento, o presidente Almir Laurindo posiciona o clube “nem entre os mais ricos, nem no final do ranking” da divisão. Para ter lastro financeiro para isso, desta vez, a diretoria acabou com o velho hábito de antecipar a utilização do recurso destinado pela FPF para pagar rescisões ou acertar dívidas, reservando-o exclusivamente para o custeio do elenco, além de renovar com todos os patrocinadores.
Cerca de dez marcas vão apoiar o Azulão nesta jornada. Houve, ainda, a troca do fornecedor de material esportivo, entrando a tradicional Athleta no lugar da espanhola Joma, em um modelo de negócios no qual o Azulão, espera-se, seja melhor beneficiado com dividendos da venda de camisas e itens diversos.
Aposta-se, ainda, no retorno da torcida ao estádio Walter Ribeiro (CIC), o que não pôde ocorrer na Copa Paulista do ano passado porque o time despediu-se na primeira fase, quando ainda imperavam as medidas mais rígidas da quarentena contra a Covid-19.
Disputar uma partida de futebol sem público, além de deprimente, é custoso para as equipes. Há uma série de taxas a serem pagas e despesas com arbitragem, socorristas, ambulância, energia elétrica, manutenção do estádio e funcionários que dependem diretamente da receita da bilheteria para que o famoso “borderô” não feche no vermelho.
Além, é claro, do poder de incentivo que os gritos, cânticos, bumbos e faixas nas arquibancadas podem proporcionar aos atletas dentro de campo. Não há espetáculo sem público.
Para o comando do time, após muitas trocas de treinador, o São Bento conta de novo com Paulo Roberto Santos, o maior ídolo da história recente do clube e peça-chave na escalada que colocou o Azulão entre os 40 melhores times de futebol do País.
O cenário, agora, é outro, mas continua valendo sua destreza em montar bons elencos e localizar talentos nem sempre conhecidos no Sudeste. Como o atacante Marcos Nunes, de 31 anos, que vem do futebol da Paraíba com pinta de artilheiro.
Chama a atenção, este ano, a aposta em alguns nomes experientes, como o meia Diogo Oliveira, de 39 anos, e o goleiro Zé Carlos, de 36. Nenê Bonilha, meia, de 29 anos; e Diego Sacoman, zagueiro, de 35, são os mais conhecidos, por suas passagens pelo Corinthians no passado.
Reencontrar o bom caminho das vitórias é, mais do que conquistar o acesso, dar ao seu torcedor um time identificado com a camisa que veste e verdadeiramente consciente da sua importância para o futebol paulista e nacional. A missão está apenas começando para o São Bento em 2022.