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Pandemia

A matemática e a guerra à Covid

A nova repescagem beneficiará 70.433 pessoas que deixaram de tomar a segunda dose da vacina

08 de Janeiro de 2022 às 00:33
Cruzeiro do Sul [email protected]
Operação com megacarretas deve proporcionar um atendimento mais rápido aos sorocabanos
Operação com megacarretas deve proporcionar um atendimento mais rápido aos sorocabanos (Crédito: Reuters/SIPHIWE SIBEKO)

Júlio César de Mello e Souza não exagerava ao afirmar que “a matemática, senhora que ensina o homem a ser simples e modesto, é a base de todas as ciências e de todas as artes”.

Neste momento, por exemplo, a tese do escritor e pedagogo brasileiro mais conhecido como Malba Tahan é um argumento irrefutável para convencer os mais de 205 mil sorocabanos que ainda não concluíram o ciclo de imunização contra a Covid-19 a aproveitarem mais uma chance que será oferecida pela Secretaria Municipal da Saúde neste sábado e domingo (dias 8 e 9) e também durante a próxima semana.

A nova repescagem é escalonada para beneficiar tanto as 70.433 pessoas que deixaram de tomar a segunda dose da vacina como, também, ampliar as defesas das outras 134.766 que já poderiam ter recebido a dose de reforço.

E como é que a ciência do raciocínio lógico e abstrato entra nessa história? Em resumo, numa equação elementar: imunização = vacinação - (infecção + internações + óbitos).

Uma tradução do matematiquês pode ser: quanto mais sorocabanos completarem o ciclo de vacinação contra o novo coronavírus, menos pessoas apresentarão os sintomas graves da doença.

O resultado disso é a redução das internações hospitalares e, por conseguinte, a queda do número de mortes por conta das infecções. Ou seja, população imunizada.

Todos os elementos para esse cálculo podem ser encontrados numa rápida pesquisa no site do jornal Cruzeiro do Sul.

Tudo se baseia na comprovação de que pacientes vacinados têm, na maioria dos casos, menor probabilidade de enfrentar complicações mais graves.

A plataforma Info Tracker, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que entre 1° de março e 15 de novembro de 2021, 79,7% das pessoas que morreram por Covid-19 no Brasil não haviam recebido nenhuma dose da vacina.

Ainda segundo a pesquisa, 81,7% dos indivíduos internados com a doença neste período não estavam vacinados.

Detalhando um pouco mais: dentre as 306 mil pessoas que perderam a guerra contra o vírus nos meses analisados, 32 mil haviam completado o ciclo vacinal, 29 mil haviam recebido apenas a primeira dose e 243 mil não haviam recebido sequer uma dose.

O estudo ainda contabilizou 981 mil indivíduos internados por Covid-19 no período. Deste montante, 93 mil pessoas haviam recebido as duas doses da vacina, 85 mil estavam parcialmente vacinadas e 802 mil não tinham recebido nenhuma das doses.

Restringindo a análise ao cenário local, o Cruzeiro encontrou cifras praticamente idênticas às nacionais. Dados compilados pela Prefeitura de Sorocaba, por solicitação do jornal, revelaram que 80,49% dos pacientes com Covid-19 que vieram a óbito no município no período de 1º de janeiro a 30 de novembro de 2021 não estavam imunizados, ou seja, não tinham recebido nenhuma dose de qualquer das vacinas disponíveis contra o vírus.

Em números absolutos, a tragédia provocada em Sorocaba pela pandemia entre janeiro e novembro de 2021 pode ser resumida da seguinte forma: do total de 2.282 pessoas que perderam a vida, 1.837 não estavam vacinadas, ou seja, não tinham recebido nenhuma dose de qualquer dos imunizantes disponíveis contra a doença.

As demais 445 vítimas apresentavam os seguintes históricos vacinais: 233 pacientes haviam tomado a primeira dose da vacina; uma vítima estava imunizada com vacina de dose única; 209 pessoas tinham completado o ciclo básico com duas doses; e dois sorocabanos estavam imunizados com três doses, isto é, tinham recebido inclusive a dose de reforço.

Mesmo quem não pactua do entusiasmo de Malba Tahan pela matemática há de concordar que os números não mentem. E os valores disponíveis sobre a Covid-19 evidenciam, cada vez com mais vigor, que a vacina é uma arma insubstituível na guerra contra o vírus que vem colocando o planeta de joelhos há dois anos.
Evidente que completar o ciclo de vacinação não é garantia absoluta de vitória contra o novo coronavírus e todas as suas variantes que vão surgindo ao longo do tempo. Porém, se cumprirmos essa etapa e adicionarmos os protocolos sanitários amplamente divulgados pelas autoridades do setor de saúde -- os tradicionais álcool em gel, distanciamento e máscara --, as chances de triunfo aumentam exponencialmente.

Consulte a agenda da repescagem oferecida pela Prefeitura -- disponível no site, na edição impressa e nas redes sociais do Cruzeiro do Sul -- e faça parte do mutirão pela vida. Lembre-se que cada um de nós tanto pode ser vítima como transmissor desse mal.