Hora de apertar a economia de água

Se não conseguirmos reservar água até fevereiro, a situação será muito crítica. Municípios que dependem da represa de Itupararanga podem sofrer bastante

Por Cruzeiro do Sul

Represa de Itupararanga.

Entra semana, sai semana, e a questão hídrica em Sorocaba segue causando preocupação. Após algumas chuvas na virada da estação, nos últimos dias tivemos apenas pancadas esporádicas. Para se ter uma ideia, as chuvas de novembro representaram apenas cerca de 30% da média histórica de precipitação.

As represas que abastecem a cidade sentem a falta de água. A situação crítica pode ser constatada na represa de Itupararanga, principal fonte de água para a cidade, responsável pelo abastecimento de cerca de 85% de Sorocaba e de diversas outras cidades da Região Metropolitana.

A represa opera, atualmente, 16 centímetros abaixo do volume mínimo. A cota mínima do manancial é de 817,50 metros acima do nível do mar. Na sexta (3), esse índice estava em 817,34. O nível caiu para 20,22% da capacidade do reservatório. Para efeito de comparação, em 24 de novembro, estava em 20,60% (810,40 msnm).

Uma das consequências da falta de chuva tem sido as seguidas reduções da vazão de água para o rio Sorocaba. A última delas aconteceu na terça (30), feita pela Votorantim Energia, empresa responsável pela gestão da represa. Foi a sexta redução da vazão em apenas três meses. Com a nova diminuição, o fluxo passou dos anteriores 250 litros por segundo para 225 litros por segundo. A medida foi adotada após deliberação entre a Votorantim Energia e o Comitê de Bacias Hidrográficas de Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT).

As reduções na vazão são adotadas desde agosto. À época da primeira intervenção, o volume do reservatório já estava abaixo de 30%. A ação visa preservar a quantidade de água restante no reservatório, já que, por conta da estiagem prolongada, o nível continua a baixar frequentemente. As reduções também podem trazer consequências para as cidades abastecidas pelo manancial, como piora da qualidade da água na calha do rio Sorocaba e prejuízo de captação de água em Sorocaba, Votorantim, Boituva e Laranjal Paulista. Regras operacionais como essa da diminuição da vazão têm caráter emergencial e excepcional. Elas continuarão a ser adotadas até que o volume útil do reservatório alcance 50% de sua capacidade.

E é aí que mora o problema. De acordo com o vice-presidente do comitê e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos, André Cordeio dos Santos, se não conseguirmos reservar água entre outubro e fevereiro, período de chuva, a situação, a partir de abril de 2022, será muito crítica.E nem precisamos ir tão longe. Outra possível consequência é a falta de água em todos os municípios que dependem do reservatório ainda neste ano ou no início de 2021.

Para evitar o agravamento do cenário, é fundamental que haja, imediatamente, maior economia. Santos e outros especialistas defendem a adoção de ações mais rígidas de economia por parte das prefeituras municipais que ainda não fizeram isso. Afinal, já passou da hora da população tomar medidas mais eficientes. As melhores opções, neste momento, segundo especialistas, são o rodízio e a revisão das outorgas (direitos de uso) feita pelo Daae (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Infelizmente, se (uma grande) parte da população não aprende a economizar água por bem, que aprenda por mal. Nesse caso, é uma pena pois muita gente que faz uso consciente da água vai acabar pagando o pato daqueles irresponsáveis esbanjadores do precioso líquido.