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Editorial

Economizar água: agora ou nunca!

Decisão de implantar ou não o racionamento de água em Sorocaba será tomada no dia 12 de janeiro

21 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: Fábio Rogério (1/12/2021))

Estamos chegando, literalmente, ao fundo do poço em relação à crise hídrica. Devido à prolongada estiagem e à falta de chuvas, a situação caminha para ficar insustentável. Tanto que na quinta-feira (16), a Prefeitura de Sorocaba anunciou que o racionamento de água na cidade não está descartado. A decisão de implantar ou não a medida restritiva será tomada em uma reunião no dia 12 de janeiro. O veredito irá depender do nível da represa de Itupararanga -- responsável por 85% do abastecimento da cidade -- e de uma série de dados, incluindo quantidade de água consumida, volume de chuvas e de recuperação de mananciais, entre outros.

Se até o dia 12 os níveis dos reservatórios não estiverem repostos e os índices de economia de água não forem suficientes para minimizar os impactos, já há pré-definido um plano de racionamento a ser colocado em prática. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), inclusive, já solicitou ao Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee), vinculado ao Governo do Estado, um estudo de outorgas de água, concedidas e efetivas, na região de Itupararanga, bem como um completo balanço hídrico.

Antes disso, como parte do monitoramento da situação, no próximo dia 28, o prefeito Rodrigo Manga, o promotor de Justiça Antonio Domingues Farto Neto, do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema), e demais prefeitos de cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) farão uma vistoria pessoal da represa, com barcos e também sobrevoo do local, para a constatação da real situação hídrica do reservatório.

Ao fazer o anúncio sobre um possível racionamento, Manga também pediu para a população colaborar economizando água. Segundo ele, o rodízio é a última alternativa, mas se a medida for necessária, ela será aplicada em toda a cidade.

Dificilmente a população de Sorocaba escapará dessa restrição. Afinal, seria preciso uma enorme quantidade de chuva em menos de 25 dias para evitar o racionamento, algo que não aconteceu nos últimos meses. Em 2021, choveu 42% a menos do que a média de precipitações dos últimos 10 anos. E para 2022 também não há expectativa de chuvas suficientes para recuperar o reservatório de Itupararanga.

Além disso, podemos dizer que a colaboração da população é discreta, aquém do necessário e do desejável. Apesar das campanhas de conscientização, distribuição de folhetos educativos e palestras, entre outras ações, nos últimos seis meses, segundo o Saae/Sorocaba, houve uma redução de apenas 5% no consumo. O percentual é baixo e precisa ser ampliado. É fundamental uma mobilização mais efetiva, com ações contundentes, sobretudo em setores de uso de maior volume de água como indústrias, empresas e condomínios.

Nesta semana, por exemplo, matéria publicada neste Cruzeiro do Sul mostrou flagrantes de desperdício de água nos bairros Mineirão e Jardim Santa Bárbara. Uma das opções seria haver multas para o desperdício. Talvez sentindo no bolso as pessoas se conscientizassem. Ainda assim, segundo dados do Saae/Sorocaba, as denúncias de desperdício de água tiveram queda de 17,52% em 2021, na comparação com mesmo período do ano passado. Em 2020, foram 605 denúncias, contra 499 em 2021.

Outro ponto importante é um aprimoramento no atendimento a vazamentos. De forma recorrente os canais do jornal recebem relatos e reclamações de munícipes alertando sobre a demora dos órgãos públicos para consertarem ou fazerem o reparo de algum vazamento.

No quesito água, o exemplo dos “vizinhos” deveria servir de alerta para a população de Sorocaba. Em Itu, por exemplo, os moradores de diversos bairros convivem com racionamento há mais de cinco meses. Por lá, o rodízio no abastecimento foi anunciado no dia 5 de julho e, desde então, muitos sofrem com a falta de água por dias seguidos, tendo até de recorrer a bicas e caminhões-pipa para amenizar a situação. O racionamento só será suspenso por cinco dias para as festas de fim de ano e será retomado em seguida.

A crise hídrica não é exclusividade de Itu, Sorocaba e cidades da região. Praticamente todo o Estado atravessa essa situação. Contudo, existem algumas particularidades. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), 110 litros de água por dia são suficientes para atender as necessidades básicas do ser humano. Porém, a média do Brasil é de 154 litros por pessoal, ao dia, contra 187 litros por pessoa, ao dia, em Sorocaba. Ou seja, o sorocabano está consumindo muito acima da média do País e do recomendado pela ONU e OMS. Temos de lembrar que a água é um bem finito e a crise é de todos. É economizar agora, para não ter transtorno depois.