Buscar no Cruzeiro

Buscar

Segurança Pública

Duas ações de tirar o chapéu

Alguns exemplos recentes mostram que temos registrado consideráveis avanços no País

03 de Novembro de 2021 às 01:23
Cruzeiro do Sul [email protected]
Segundo a polícia, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil em Varginha (MG)
Segundo a polícia, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil em Varginha (MG) (Crédito: Divulgação)

Nos últimos dias, ao menos dois acontecimentos mostraram que, na área de segurança pública, temos registrado consideráveis avanços no País.

O primeiro foi a ação policial ocorrida no final de semana em Minas Gerais, que terminou com a morte de 26 suspeitos de fazerem parte de quadrilha criminosa especializada em assaltos a instituições financeiras.

Segundo a polícia, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil em Varginha (MG). Os suspeitos haviam alugado um sítio na cidade para ficarem perto do alvo.

Os confrontos ocorreram em duas abordagens diferentes. Ainda de acordo com a polícia, as vítimas têm relação com crimes cometidos em Uberaba (MG), Araçatuba (SP) e Criciúma (SC).

Não custa lembrar o terror que criminosos desse tipo levaram recentemente a Araçatuba, quando cerca de 20 bandidos deixaram um rastro de violência, praticamente sitiando a cidade.

Fortemente armados e utilizando até bombas com sensores, eles chegaram a usar algumas vítimas como escudo humano, amarrando-as nos capôs dos carros. A ação deixou três mortos -- um suspeito -- e cinco feridos.

O segundo acontecimento não envolve ação de campo, mas é igualmente importante para desmantelar e atingir principalmente os grandes grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas.

Trata-se, nesse caso, de um leilão de 3.567 itens, entre veículos (mais de 2 mil), aviões (16), barcos (18), fazendas e mansões (25) e até sucata, que haviam sido apreendidos em operações federais.

Somente nos últimos dez meses, esses bens renderam aos cofres públicos cerca de R$ 105 milhões. A notícia a ser comemorada, porém, é que segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, houve um salto no número de leilões desse tipo.

Para se ter uma ideia da evolução, em 2018 foram realizados apenas seis leilões pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad).

Em 2019, esse número subiu para 11, que resultaram em R$ 4 milhões arrecadados. Já o ano passado fechou com 122 leilões -- 11 vezes mais que no ano anterior -- e R$ 39,9 milhões arrecadados.

Agora, em 2021, somente no período de janeiro a outubro, já foram realizados 184 leilões, e o número deve chegar a 200 até dezembro.

O aumento expressivo nessa modalidade é resultado de um redesenho da Senad, que passou a contar com o apoio de leiloeiros cadastrados e comissões com funcionários públicos nas unidades federativas.

Todos ajudaram a agilizar as ações. Trata-se de um círculo virtuoso da política de redução da oferta de drogas: os recursos obtidos são disponibilizados, em sua maioria, para projetos de modernização, capacitação, pesquisa e avaliação voltados ao aperfeiçoamento das atividades dos órgãos de segurança pública, responsáveis pelo combate ao narcotráfico.

Como exemplos desses investimentos estão a aquisição de viaturas, drones, equipamentos de inteligência, de comunicação e de perícia, além de uniformes e de computadores de alta performance para a Polícia Federal, e financiamento de grandes operações policiais, a exemplo da Operação Narco Brasil.

No caso de leilões de bens relacionados ao tráfico de entorpecentes, os recursos são direcionados ao Fundo Nacional Antidrogas (Funad), que financia projetos que reforçam a segurança pública e o combate às drogas no País.

Por terem origem em processo-crime, entre as maiores vantagens dos leilões está o recebimento de lances a partir de 50% da avaliação, o que acaba sendo uma grande oportunidade para os compradores.

Outro ponto positivo é o fato de o comprador ficar livre de débitos anteriores e de os credores permanecerem com o direito de cobrar do proprietário anterior.

Para manter a idoneidade do processo, as regras do leilão estão todas descritas em edital.

Ou seja, boa parte do dinheiro do tráfico vem sendo utilizado para financiar políticas públicas que são prioridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública, como o combate ao tráfico de drogas, a modernização e o fortalecimento das polícias.

Nessa linha, já foram investidos mais de R$ 150 milhões. Portanto, parabéns aos policiais que desmantelaram a quadrilha em Minas e aos agentes que estão agilizando os leilões de bens apreendidos.