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Editorial

Tradição local e solidariedade

Cavalgada solidária reuniu milhares de pessoas em um domingo que juntou o tropeirismo sorocabano com o ato de fazer bem ao próximo

20 de Julho de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Centenas de pessoas participaram neste domingo (18) em Sorocaba da
Centenas de pessoas participaram neste domingo (18) em Sorocaba da "1ª Cavalgada Solidária #AFOMENAOEFAKE!". (Crédito: Secom/Sorocaba)

Em um mundo globalizado e conectado como o atual, em que praticamente todas as fronteiras foram derrubadas pela completa e absoluta conexão digital, o “local” vem perdendo espaço em velocidade assustadora. De forma geral, existe uma onda de uniformidade que varre o planeta, suprimindo hábitos, costumes e particularidades de cada país, região, cidade, bairro. E também de cada povo.

Nesse processo, as produções globais se sobrepõem, sejam elas materiais ou imateriais, sufocando produtos e hábitos locais, que lutam para continuar existindo. Sob essa influência quase hegemônica dos meios digitais, os hábitos acabam sendo padronizados e surgem novas referências da cultura mundial, especialmente dos Estados Unidos e da Europa. O cenário global funde e massifica até as culturas.

Nesse sentido, a valorização, manutenção e defesa da identidade local é fundamental. Essa identidade é que nos dá a sensação de pertencimento a um grupo, a uma história, a uma região. Ela também nos dá segurança pois nos remete à nossa história, à memória afetiva. Quando hábitos e tradições são ameaçados por agentes externos (sejam eles culturais, conglomerados, governos, pessoas, produtos etc), o localismo é também uma forma de proteção de nossa essência. É uma resposta natural a esse globalismo exarcebado.

O resgate dos valores culturais e das tradições é premissa indispensável para que cada cidadão sinta que pertence a determinado lugar. O “local” adquire uma importância substancial contra a avalanche do mundo exterior, que chega de todas as formas, por meio de culturas influentes, massificação dos meios de comunicação e redes sociais. O globalismo condiciona a consumos culturais que não lhe são próprios. Por isso, dar a ele a possibilidade de se encontrar com o que é seu é uma tarefa quase obrigatória dos governantes.

Foi o que aconteceu, domingo, em Sorocaba. A “1ª Cavalgada Solidária #AFOMENAOEFAKE!” reuniu milhares de pessoas com o objetivo de resgatar a cultura tropeira do município, mantendo viva a memória a respeito da participação da cidade no desenvolvimento do Ciclo do Tropeirismo.

A cavalgada juntou cavaleiros, munícipes e famílias na celebração dessa antiga tradição, e foi uma festa por onde passou. O evento começou com a concentração dos participantes no Clube União Recreativo Campestre, no Jardim Guadalajara. Os cavalos foram avaliados pela equipe da Divisão de Zoonoses, para verificar se estavam aptos para o percurso. Havia também a determinação para que todos os protocolos sanitários de segurança contra a pandemia fossem cumpridos durante o trajeto pelos participantes.

De lá, a cavalgada, com várias comitivas, passou por diversas avenidas, como Armando Pannunzio, General Carneiro, Eugênio Salerno, Afonso Vergueiro e Dom Aguirre, entre outras, até o destino final: um palco montado em frente ao Paço Municipal.

No local, houve a apresentação da Orquestra de Viola e foi proferida uma bênção às tropas, com a presença de várias autoridades. A cavalgada foi encerrada no Parque das Águas, no Jardim Abaeté, com o término do trajeto.

Para fechar a iniciativa com chave de ouro, o evento ainda arrecadou cerca de três toneladas de alimentos não perecíveis para a campanha organizada pelo Fundo Social de Solidariedade (FSS), que serão distribuídos para famílias em situação de vulnerabilidade social ou emergencial, em razão da pandemia.

Um domingo que uniu história da cidade com a solidariedade.