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Editorial

Flexibilização, mas com responsabilidade

Se por um lado a economia começa a dar sinais de retomada, por outro, algumas cidades voltam a registrar alta de casos. Portanto, é preciso seguir com todos os cuidados sanitários

20 de Maio de 2021 às 23:28
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De acordo com dados da Secretaria da Receita Federal, a arrecadação de impostos, contribuiçõ­es e demais receitas federais atingiu R$ 156,8 bilhões em abril
De acordo com dados da Secretaria da Receita Federal, a arrecadação de impostos, contribuiçõ­es e demais receitas federais atingiu R$ 156,8 bilhões em abril (Crédito: Pedro Negrão (20/4/2016))

Enquanto senadores e depoentes se engalfinham na CPI da Covid-19, a quinta-feira trouxe uma notícia importante para o país. De acordo com dados da Secretaria da Receita Federal, a arrecadação de impostos, contribuições e demais receitas federais atingiu R$ 156,8 bilhões em abril.

Houve um aumento real de 45,22% na comparação com o mesmo mês de 2020, quando a arrecadação foi de R$ 107,9 bilhões (já com os valores corrigidos pela inflação). Até aí, nada de espanto, afinal em abril do ano passado estávamos sob o impacto da pandemia. Começávamos a entender e a tentar lidar com o novo coronavírus. Portanto, é compreensível esse aumento de quase 50%.

Mas aí entra um dado que chama a atenção. O valor arrecadado em abril é recorde para o mês em toda a série histórica, desde que a Receita Federal começou a medir tal índice, lá em 1995. Outro ponto curioso: a arrecadação total subiu em abril apesar da alta das compensações tributárias lançadas pelas empresas, que somaram R$ 18,5 bilhões no mês passado, em comparação com os R$ 11,3 bilhões no mesmo período de 2020.

Com o resultado de abril, nos quatro primeiros meses deste ano, a arrecadação federal somou R$ 602,7 bilhões, valor que representa alta real (descontada a inflação) de 13,62% na comparação com o mesmo período de 2020 -- e também novo recorde para o período.

Descontados alguns detalhes técnicos que ora facilitam ou prejudicam o aumento da arrecadação, não dá para fugirmos do óbvio: o recorde de abril é um claro sinal de retomada da atividade econômica. Ainda que de forma discreta, a economia começa a se levantar novamente. Parece que passados tantos meses sob a sombra do Covid, as empresas e pessoas finalmente absorveram o fortíssimo golpe -- que matou e causou sofrimento a muita gente -- e estão começando a encontrar caminhos para se reinventar, ressurgir, renascer.

Para compor esse cenário minimamente animador, há um conjunto de situações: ainda que lenta, a vacinação avança e começa a fazer seus primeiros efeitos positivos. O povo em geral -- sem contar aquele grupo de sempre de irresponsáveis que se aglomeram e não praticam as regras e cuidados sanitários -- também parece estar mais consciente do perigo e da letalidade do vírus.

Com isso, a maior parte da população vem se cuidando com mais atenção, sobretudo em relação ao uso de máscaras.

No âmbito local, o Plano SP de contingência contra a Covid manteve a fase de transição e sinalizou mais um degrau de afrouxamento, com período e lotação maiores para atividades comerciais e serviços.

Mas para que a gente consiga seguir avançando, é fundamental não esmorecer nos cuidados sanitários e nas regras aprendidas -- a duras penas, por sinal -- durante a pandemia. É preciso seguir vigilante, usando máscara, usando álcool em gel, evitando contatos pessoais etc. Caso contrário, o que avançamos até aqui pode ser perdido e teríamos de recomeçar tudo de novo.

Exemplos de locais que infelizmente estão retrocedendo nesse avanço já começam a aparecer pelo País, inclusive no interior de São Paulo. Cidades como Franca, Bebedouro e Batatais foram obrigadas a retomar restrições, fechamentos e até lockdowns para combater uma nova onda de internações e mortes por conta de uma nova onda da doença.

Portanto, ainda não é hora de afrouxar os cuidados pessoais. É hora de seguir se policiando para a tão sonhada retomada da normalidade. Que certamente um dia vai chegar.