A espada de Dâmocles da Prudência
Uma coisa é o “fato”, outra é a “forma”.
A História nos mostra que a forma, muitas vezes, sobrepuja os fatos, por um motivo elementar: o ser Humano não é um ser “racional”.
Explico: somos seres “emocionais”. Praticamente não há uma única decisão que tomemos sem que o fator emocional não esteja fortemente presente e, em geral, predominante. Da escolha da moradia ao corte de cabelo, do tipo de veículo à alimentação.
Só prá dirimir dúvidas: os únicos seres racionais são os que chamamos de “animais irracionais” -- talvez em leve sarcasmo. Nada do que fazem é supérfluo, inútil, com a intenção de prejudicar-se ou à própria espécie. O humano é o único que mata propositalmente o semelhante (e, também, os não semelhantes).
Presos à nossa emocionalidade, somos incapazes de compreender o fato quando a forma nos agride profundamente.
O homem prudente trabalha a forma para acentuar o fato. O imprudente deixa-se conduzir pela forma. Em muitas situações, é absoluta tolice. Demonstra descontrole, pedantismo, falta de tato. Uma vez feito, o pedágio do retorno cobra caro.
De grandes dirigentes esperamos, sempre, muita prudência. Uma boa estratégia para demonstrá-la é administrar o silêncio e, caso decida quebrá-lo, escolher formas que demonstrem:
- conhecimento;
- estética;
- ética.
A partir daí, consegue-se ler, ouvir e conversar civilizadamente. Caso contrário, o indivíduo caminha para uma espécie de “self immolation”. Afinal, os áulicos de plantão passam, mas a biografia fica. Péssimo para todos -- até para os inimigos (pois não há glória em vencer o que se condena ao fracasso). Isso vale para cada um de nós. Vale, contudo, muito mais, para Presidentes da República.
JOSÉ OSMIR FIORELLI