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Viva uma vida de momentos únicos

16 de Setembro de 2018 às 14:07

Remonta aos momentos iniciais da filosofia a contenda entre pensadores para os quais tudo flui e aqueles que negam a existência do movimento. Sem mergulhar na pendenga, o entendimento dos primeiros é mais interessante.

Ao sustentar que ninguém entra duas vezes no rio, pois na segunda nem o rio nem quem nele mergulha serão os mesmos, eles nos fornecem uma proposta melhor para se viver a vida, entendendo-a como sucessão de momentos únicos, jamais repetidos, e não um acumular de acontecimentos indiferenciados: “tudo igual / sempre igual / não muda nunca” como no estranho samba filosófico de Miguel Gustavo.

Se deixar de dizer “eu te amo” à sua mulher, sair de casa para o trabalho sem abraçar os filhos e permitir que passe a ocasião de ser gentil com os que cruzam o seu caminho, desperdiçará ocasiões únicas de acrescentar um toque de ternura à vida deles e de crescer como indivíduo.

Tomara que a sua vida se prolongue por muitos amanhãs, mas ainda assim jamais terá como recuperar o exercício frustrado do bem-querer. O rio não será mais o mesmo.

Ai do professor que hoje vai dar mais uma aula, da faxineira que vai fazer mais uma limpeza, do crente que vai repetir mais uma vez sua oração. Em algum momento cada um deles perdeu algo muito importante: a sintonia com o perpétuo movimento da vida, a possibilidade de criar obras sempre novas, diferentes daquelas que, mesmo parecidas, realizaram ontem.

Tenha olhos de ver o novo que se disfarça atrás do assemelhado na agenda de hoje. Ele é um presente cheio de encanto, vida e frescor que o Pai colocou em suas mãos e só pode ser aproveitado durante umas poucas horas.

“Brilhe vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.”

Evangelho de Mateus, 5:16 Missionário Capuchinhos Portugueses