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Uso do solo e a água das cidades da Região Metropolitana de Sorocaba

10 de Dezembro de 2019 às 00:01

William Masayoshi Kuriyama, com Nobel Penteado de Freitas

O abastecimento público de água, sem dúvida alguma, é um dos serviços públicos de maior importância e relevância para o bem-estar da população de uma cidade. Esses efeitos positivos são alcançados quando se tem água de boa qualidade associada ao devido saneamento dos resíduos sólidos e efluentes líquidos. Também toda atividade econômica nas cidades pode ser influenciada direta ou indiretamente por um bom fornecimento de água, tanto em quantidade como em qualidade.

Hoje é realidade para muitos habitantes da Região Metropolitana de Sorocaba sentir os efeitos da falta de água, temos casos em Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Piedade. É óbvio que existem variações na quantidade de chuvas, de ano a ano, mas supondo-se que as previstas mudanças climáticas possam intensificar estas variações das chuvas, as perspectivas de falta de abastecimento de água nas cidades da Região Metropolitana de Sorocaba são muito sérias.

Nesta realidade, em âmbito local, o que podemos fazer de mais efetivo para se adaptar a esta situação é cuidar do uso do solo, ou seja, a forma como ocupamos os nossos espaços. Neste sentido e focando especialmente na questão do abastecimento de água para as populações humanas, devemos nos preocupar com a manutenção do ciclo hidrológico e com a qualidade e quantidade das águas que podem ser armazenadas na região. Como nas cidades da Região Metropolitana, onde se concentra o maior número de habitantes, não existem fontes de água subterrâneas suficientes para seu abastecimento, torna-se indispensável a manutenção dos reservatórios superficiais. Esta manutenção depende, então, do ciclo hidrológico e da manutenção dos reservatórios.

Com relação ao ciclo hidrológico, de forma isolada não se consegue interferir nas variações regionais e globais do clima, mas a conservação da produção de água, garantindo um volume maior nos períodos de seca, pode ser favorecida por ações locais, especialmente aquelas ligadas à manutenção de áreas florestadas e ao reflorestamento de áreas degradadas. As florestas podem minimizar os efeitos das alterações climáticas sobre o ciclo hidrológico, aumentando o armazenamento nos aquíferos e mantendo a produção de água nos períodos mais secos do ano.

Outro aspecto importante para o fornecimento de água é o controle de erosão, e neste sentido, o trabalho de iniciação científica do aluno Willian Kuriyama, do curso de Engenharia Ambiental da Uniso, com apoio do CNPq, abordou este problema em uma bacia hidrográfica de enorme importância para o abastecimento público em Sorocaba, a do Pirajibu Mirim. Este manancial abastece a região do Éden e boa parte da zona industrial do município e está, neste momento, em condições bastante ruins de armazenamento, muito em função dos processos erosivos que ocorrem na sua bacia hidrográfica e que aceleraram o assoreamento dos reservatórios onde é captada a água para o abastecimento. Os resultados deste estudo mostram a importância do controle da erosão para manutenção da capacidade de armazenamento dos reservatórios, que, quando assoreados, perdem boa parte da capacidade de armazenamento, e também a importância do papel das áreas vegetadas com florestas na diminuição destes processos erosivos.

Desta forma, podemos concluir que o cuidado com o uso e ocupação do solo, melhorando as ações de proteção para diminuição dos processos erosivos, e o aumento das áreas florestadas são ações essenciais para se enfrentar as mazelas das alterações climáticas sobre o abastecimento de água em cidades da Região Metropolitana de Sorocaba.

William Masayoshi Kuriyama é aluno do curso de Engenharia Ambiental da Uniso e Prof. Dr. Nobel Penteado de Freitas é coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da Uniso.