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Um olhar mais otimista

05 de Setembro de 2018 às 08:00

A característica mais imediatista de nossa cultura, que pouco planeja no longo prazo, é vista, pelos estrangeiros, como o povo dos extremos no humor. Ou estamos em uma fase de altas expectativas ou, por outro lado, que o Brasil vai acabar.

Essa alta volatilidade de temperamento também é refletida nas transações, com moedas estrangeiras e bolsa de valores, onde o humor e a expectativa futura ditam as negociações.

Estamos hoje com juros historicamente baixos, inflação sob controle, além de outros indicadores econômicos positivos. Também é verdade que nosso déficit fiscal e, principalmente, nível de emprego estão aquém do que esperávamos. A renda e o emprego pararam de piorar e estamos vendo sinais pequenos, mas positivos.

É bastante comum nos períodos pré-eleitorais, em nosso país, a alta volatilidade e a tensão econômica. Para os profissionais do mercado financeiro, trata-se de um momento de grandes ganhos, principalmente diante das oportunidades criadas por aqueles que buscam entrar ou sair, na hora errada, das aplicações, às vezes por necessidade.

Por outro lado, o mercado imobiliário sempre oferece a proteção patrimonial, que tanto se busca nestes momentos de alta volatilidade, e por estar ainda em crise e com preços estáveis, as oportunidades estão abundantes.

Os estrangeiros, com essa desvalorização de nossa moeda, estão desembarcando em nosso país na busca, exatamente, destas oportunidades e em todas as áreas. Temos recebido vários deles querendo entender nosso mercado, nossas leis e como podem investir, no longo prazo, em nosso país. A visão de longo prazo é fundamental para essa tomada de decisão. O conjunto de fatores positivos que podemos oferecer em muito tem atraído os estrangeiros a colocar o Brasil em seu radar de investimento, como disse , existe uma abundância de oportunidades de investimento em um mundo com taxas de remuneração do capital de 0 a 2 % a. a.

O mundo reconhece o Brasil como um País com muito potencial: temos pouquíssimos desastres naturais, clima ameno, subsolo rico em água e minerais, terras para criação de animais e plantio em abundância, enorme déficit habitacional, turismo pouco explorado, vivemos, ainda, o bônus demográfico e em uma democracia. Enfim, são inúmeros os setores que podemos desenvolver e, com condições adequadas, fazer crescer nossa economia e a gerar empregos.

É verdade, também, que o risco eleitoral tem impactado, negativamente, na tomada de decisão e na postergação destes investimentos. Os extremismos e os radicalismos eleitorais têm assustado e afugentado estes investimentos, mas reconhecemos, também, que nosso povo nunca foi de prestigiar os discursos radicais, eleições são ganhas com discursos moderados e de convergência.

De qualquer forma, o importante é sermos mais otimistas em relação ao nosso futuro, a visão de longo prazo é fundamental para um país. Apesar dessa vontade, positiva, do imediatismo e do cansaço de sempre, ouvir que o Brasil é o país do futuro, a construção deste futuro é um ato contínuo e demorado.

Nossos governantes eleitos têm o poder de avançar ou regredir neste processo. Já passamos por tudo, e conhecemos a importância do bom voto. Precisamos, hoje, de um governante com compromisso fiscal, previsibilidade e que coloque o país de volta no trilho do crescimento, enfrentando os difíceis temas de reformas estruturais, aproveitando a legitimidade do voto.

Flavio Amary é presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi -- [email protected]