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‘Sedução’ no Cine Reflexão da Fundec

09 de Agosto de 2019 às 00:01

‘Sedução’ no Cine Reflexão da Fundec Miriam Díaz-Aroca, Maribel Verdú, Penélope Cruz e Ariadna Gil. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

Em abril de 1931, os republicanos ganharam as eleições municipais na Espanha, e dois dias depois, o rei Affonso XIII abandonava o país. A Constituição Espanhola foi aprovada em dezembro daquele ano, dando início à Segunda República Espanhola. “Sedução” é uma comédia de Fernando Trueba que começa dois meses antes daquelas eleições.

Fernando é um jovem que deserta do exército monarquista espanhol por ser republicano e foge para o interior do país. Chega à casa de Manolo, um idoso aposentado, de ideias também republicanas, que lhe dá abrigo por alguns dias. O moço se mostra um excelente cozinheiro e uma forte relação de amizade surge entre os dois homens. Mas, para dissabor de Manolo, Fernando decide seguir seu caminho. Na estação de trens em que embarcará para Madri, chegam as quatro lindas filhas de Manolo. Irresistivelmente atraído pelas moças, Fernando arranja uma desculpa e volta a se hospedar na casa do amigo.

Cada filha de Manolo tem personalidade diferente das demais. Rocío oscila entre sua atração por Fernando e seu noivado por um jovem rico, imbecilizado e totalmente dominado pela mãe, católica e monarquista feroz. Violeta é masculina em seu comportamento e vestimenta e também tem sua aventura particular com Fernando. Clara ficou viúva recentemente e busca ansiosamente por companhia masculina.

O filme narra as relações de Fernando com cada uma das jovens: ele é disputado por elas e aproveita fartamente as oportunidades de sedução que se apresentam. Mas, ainda assim é um inocente, perplexo com o que lhe está acontecendo. Finalmente, começa a namorar a caçula Luz, com quem termina por se casar. O jovem par decide deixar a Espanha e emigra para a América. As outras três irmãs retornam a Madri e Manolo fica só, como vivia antes do aparecimento de Fernando e da visita das quatro filhas.

O período que vai de 1931 a 1936 -- ano de início da guerra Civil Espanhola -- foi chamado de “Belle époque”, que é o título original do filme em espanhol. “Sedução” transcorre em uma ilha de tranquilidade, longe das agitações de um cenário político instável e muitas vezes violento que predominava na sociedade espanhola. Ao se manter distante dos acontecimentos, o filme absorve a sensação de liberdade geral que tomou conta da população naquele período. Mas, a condição confusa em que vivia o país se mostra em muitas passagens do filme, sempre tratadas com humor: discussões políticas, embates religiosos, anarquistas que queimam igrejas e abominam o clero por sua proximidade com o fascismo.

No início do filme, Fernando é capturado por dois soldados. Ao vasculharem a mala do moço, encontram uma Bíblia: “Não se entende mais nada, republicano e com a Bíblia!”, diz um deles, retratando a confusão política do momento. O resultado desse episódio é bizarro, mas Fernando fica livre, embora ainda algemado.

“Sedução” é uma comédia sem grandes pretensões intelectuais, mas que leva o espectador a comparar o ambiente festivo que reinava no local com a tragédia que assolaria a Espanha cinco anos depois.

Serviço

Cine Reflexão

“Sedução”, de Fernando Trueba

Hoje, às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita