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Questão de educação

25 de Dezembro de 2019 às 23:29

Carlos Brickmann

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, é criticado por ter viajado de jatinho da FAB, a trabalho. Mas dali seguiu de carro para uma um hotel-resort, onde ficaria alguns dias. A volta a Brasília, claro, é de jatinho da FAB. Já outras vezes foi criticado por usar a FAB em atividades não oficiais.

Certo ou errado? Nenhum dos dois: apenas inevitável. No clima belicoso que se vive no Brasil, poderia o presidente do STF tomar um avião de carreira sem ser incomodado por passageiros mal-educados que confundem o direito de crítica com a agressão verbal? Uma coisa é falar mal do ministro com o vizinho de poltrona; outra é gritar insultos e gravá-los para as redes sociais.

Ninguém, mesmo que esteja errado, pode ficar à mercê de achincalhe público -- que, a propósito, incomoda também outros passageiros,que queiram tranquilidade, não xingamentos. Os achincalhadores desafiam a lei. E cabe à Polícia Federal enquadrá-los para que não haja mais abusos a bordo.

Por que caiu?

O presidente Bolsonaro, ainda bem, nada sofreu com o tombo que levou na noite do dia 23, no Palácio da Alvorada. Fez todos os exames, inclusive o de imagem, e está bem. Mas há uma pergunta que não foi respondida: qual a causa da queda? Foi um escorregão, um tropeço? O assunto está encerrado. Mas, se caiu por outra causa -- como um mal-estar -- é preciso ir mais longe nas investigações. É preciso ter certeza de que o presidente está em forma.

A propósito, Bolsonaro disse que poderia estar com câncer de pele. No dia seguinte, disse que não tinha nada e culpou a imprensa pela “notícia falsa”. Afinal, qual a verdade? A saúde do presidente é de interesse nacional.

É excelente ser excelência

A informação foi apurada pelo jornalista Cláudio Humberto, do Diário do Poder (www.diariodopoder.com.br). Além do salário de quase R$ 34 mil mensais, deputados e vereadores cobraram do Congresso a reposição de despesas que dizem ter tido “com o exercício do mandato”. Com nota, vale até aluguel de jatinho (e, como lembra Cláudio Humberto, valeu para o deputado Afonso Motta, do PDT gaúcho, ser ressarcido de R$ 0,50 gastos com um pão de queijo). A Câmara devolve cerca de R$ 3,9 milhões por ano para cada deputado -- são 531. O Senado devolve R$ 2,78 milhões anuais para cada um dos 81 senadores. Despesas, para eles, não são preocupação.

Paipai bravo

O acionista majoritário da Odebrecht, Emílio Odebrecht, demitiu por justa causa seu filho Marcelo, “o príncipe dos empreiteiros”, por fazer comentários depreciativos em público sobre a empresa da qual foi, até há pouco tempo, quando foi para a cadeia, o principal executivo. Lembra um caso ocorrido há anos, quando Clemente de Faria, dono do Banco da Lavoura de Minas Gerais, morreu. Aluísio Faria, o filho mais velho, herdou a gestão, e Gilberto, o mais novo, ficou como diretor. Um dia, Gilberto processou o banco por não cumprir, em seu caso, as obrigações trabalhistas. E Aluísio o demitiu por justa causa. Final: o juiz do Trabalho condenou os dois, alegando que ambos disputavam o controle acionário do banco e que isso nada tinha a ver com questões trabalhistas. O caso Odebrecht pode acabar desse jeito.

O vice

Depois de Mourão, Bolsonaro quer Moro de vice. Ainda bem que não pode disputar um terceiro mandato, ou acabaria tendo Mourinho na vice.

Carlos Brickmann é jornalista. E-mail: [email protected]