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Quem tem medo da vacinação

04 de Julho de 2018 às 17:36

Mário Cândido de Oliveira Gomes

Há alguns anos foram recolhidas as vacinas tríplices fabricadas na Índia, em virtude da gravidade de seus efeitos colaterais. O mesmo ocorreu com a vacina contra a meningite produzida em Manguinhos (Rio). E as manchetes dos jornais recordam constantemente fatos lamentáveis no âmbito da vacinação. Com todos estes problemas, vale a pena perguntar: quem tem medo das vacinas? E a resposta pode ser simples e direta: quem desconhece os efeitos maravilhosos da medicina preventiva. Aliás, quem não conhece o sucesso estrondoso das campanhas de vacinação ou ignora o papel fundamental desempenhado pela imunização?

Com efeito, o sucesso da vacinação pode ser avaliado pela redução e até extinção de certas doenças, como a varíola, paralisia infantil, difteria, sarampo, tosse cumprida etc. Assim, o objetivo final da luta contra as doenças transmissíveis é a prevenção. E o mesmo acontece com as doenças metabólicas (diabetes, gota etc) e degenerativas (aterosclerose etc). Na verdade, prevenir continua sendo a melhor e a mais econômica maneira de reduzir ou extinguir determinada enfermidade no mundo.

Os órgãos de saúde pública oferecem gratuitamente vacinas contra a difteria, poliomielite, sarampo, rubéola, caxumba, varicela, tétano, coqueluche, febre amarela, raiva, meningite meningocócica, tuberculose, cólera, peste, hepatites, gripe, rotavírus e febre tifóide.

Podem ser compradas vacinas contra o herpes simples, brucelose, pneumococo, hemófilos etc. Em fase de avaliação se encontra a vacina contra a leishmaniose (úlcera brava), e de pesquisa as da malária, dengue, aids, leptospiroses e até certas verminoses (esquistossomose).

As vacinas são preparadas com os agentes das doenças (vírus, bactérias etc), vivos, atenuados ou mortos e, ainda, por frações refinadas de sua toxina (botulismo). A vacina ideal tem germe vivo e atenuado, que reproduz no organismo uma pequena infecção, como é o caso da vacina Sabin contra a paralisia infantil. A capacidade de resposta do organismo (produção de anticorpos) varia com o tipo de vacina, sendo duradoura e permanente nas vacinas de germes vivos (sarampo, rubéola, caxumba etc) e de menor resultado com as vacinas mortas ou frações do agente, como na meningite meningocócica e na gripe, que protege por um ano. Daí a importância dos reforços, que duram acima de 20 anos para a antitetânica, 20 para a tuberculose (BCG) e 10 anos para o tifo.

Certas vacinas são de uso generalizado em determinados países, tendo em vista as principais doenças que afetam a população, como acontece com a tuberculose, tétano, crupe, paralisia infantil e sarampo nos países em desenvolvimento. Outras somente são empregadas em áreas endêmicas, como é o caso da peste no Nordeste e hepatite B no Norte, ou em situações de epidemias, viagens a zonas infestadas, exposição ao contágio etc.

A vacinação é realizada mediante um calendário, dependendo da idade. situação da epidemia, condições sócio-econômicas etc. Existe um programa básico de imunização, sujeito às modificações exigidas pelas circunstâncias locais que se chama "imunização básica", que utiliza a vacinação múltipla ou combinada contra várias doenças ao mesmo tempo, sem qualquer prejuízo ao usuário. O registro individual das vacinações realizadas (caderneta de vacinação) é útil, pois permite acompanhar a imunização básica da criança, assim como indicam as crianças que se acham protegidas durante as epidemias.

A vacinação não deve ser feita em indivíduos debilitados, portadores de doenças infecciosas agudas, alergias a determinadas substâncias (ovo, antibióticos), estados imunológicos depressivos (Ieucemia, linfomas, neoplasias, aids etcl, lesões cerebrais, doenças da nutrição (caquexia). diabetes, alcoolismo avançado, enfim, todos os estados de decadência do organismo. Portanto, em termos de vacinação, o ditado popular "é melhor prevenir que remediar" continua sempre atual e a medicina do futuro, a medicina ideal. deverá ser totalmente preventiva por meio da vacinação.