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Pode melhorar

09 de Outubro de 2020 às 00:01

Antonio Carlos Pannunzio

Em épocas passadas, apesar de conjunturas difíceis, de dificuldades presentes, de desafios que se sucediam uns aos outros, cabia sempre um mantra que se repetia no imaginário de quase todos: vai melhorar, vamos em frente que vai dar, Deus é brasileiro, e outras tantas frases e convicções que ajudavam ao brasileiro tocar a vida e lutar por um futuro melhor.

Os anos passaram e as esperanças, como as nuvens que se sucedem umas às outras no céu permanente, se evanesceram, restando um gosto amargo pelos sentimentos desfeitos, pelas oportunidades perdidas, pelas novas incertezas de cada dia.

As eleições municipais se avizinham, somos instados a tomar partido, escolher os candidatos ao executivo e ao legislativo, poucos o fazem com a necessária convicção de estarem escolhendo os melhores, baseados no conhecimento dos mesmos e de com quem estão, suas propostas, não aquelas de prateleira dos mercados de marketing, sua convicção com a ética na política, seus compromissos com a cidade e suas expectativas com a política.

A escolha de um candidato é assunto de suma importância, que deve ser amplamente discutido no seu meio e a decisão a ser tomada só após o seu autoconvencimento, jamais só porque um amigo pediu, o pastor ou padre indicou ou simplesmente porque parece que aquele vai ganhar.

Os escolhidos estarão, nos termos da Constituição, exercendo o poder, fazendo escolhas e determinando prioridades em seu nome, por você. Portanto, pense bem antes de dar o cheque em branco, o seu voto, a sua procuração para que eles disponham do futuro dos seus e da sua cidade.

Exercer um mandato com dignidade e correção, significa doar-se aos seus concidadãos, pensar no bem coletivo e não no próprio ou de corporações, e grupos econômicos poderosos.

Ser um mandatário exige ter coragem para adotar medidas e ações que venham a contrariar a opinião pública dominante naquele momento e fazer o que tem que ser feito em nome do bem comum, ainda que isso tenha o significado de poder perder prestígio junto ao eleitorado por algum tempo.

Ser um mandatário implica em abdicar de seus interesses próprios e irmanar-se àqueles que representa, não como um benefactor, mas como um igual investido de poderes para representá-los, ser um justo para quem o mandato é sagrado.

Ainda temos tempo, vamos revolucionar a sistemática de escolha de candidatos, ouvir quem mereça ser ouvido, debater à exaustão e só depois concluir sobre o que é melhor para nossa cidade, quem pode devolver-nos a esperança de crescimento, bons empregos, trabalho, melhores serviços públicos, menos desigualdade entre o público e o privado, justiça social, para então retomarmos o mantra: vai melhorar.

Antonio Carlos Pannunzio é ex-prefeito de Sorocaba e ex-deputado federal.