Onde querem colocar o dinheiro da educação?

Por

Dinamara P. Machado

Se você leitor paga Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto Territorial Rural (ITR), etc., sua contribuição ajudou na concretização do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

A Constituição Federal de 1998 exige que apliquem ao menos 25% de sua receita no desenvolvimento da educação, apesar de reconhecer que uma política pública estipulou que o investimento em educação não acompanha o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Confuso, né!

De toda forma, a distribuição de recursos a partir do Fundeb, antigo Fundef, acontece mediante análise dos dados do último censo escolar, ou seja, os munícipios e os Estados recebem os recursos de acordo com o número de estudantes nas diferentes etapas do ensino. Os recursos alocados no Fundeb financiam os gastos na área educacional, com pagamento de professores, diretores, material didático (...), mas, não se pode pagar merenda escolar, professores em desvio de função e todos os demais itens do Art. 71 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica.

O Fundeb é um conjunto de 27 fundos (26 estaduais e 1 do Distrito Federal) que serve como mecanismo de redistribuição de recursos destinados à educação básica.

Muitas críticas e formas de interpretação da aplicação dos recursos são realizadas por grupos políticos, por sindicatos (...) e que se pese todos deveriam comungar da ética coletiva da preservação da educação das crianças e jovens em busca de um país mais igualitário, democrático e com objetivo de nação.

Os noticiários em diferentes canais nos últimos dias têm evidenciado o predomínio de alguns grupos conduzindo e produzindo a representação social. Uns apontam que a partir da lei nº 11.738, de 2008, que o salário dos professores está acima da média do piso da inflação. E o do outro lado, o discurso da precarização da carreira docente, pois vivenciamos governos e empresas acabando com os planos de carreira, a implantação do mérito, ou ainda, percebemos a deterioração da infraestrutura nas escolas de educação básica.

Após anos de docência e gestão no ensino, afirmo sem medo do passado ou futuro nas minhas palavras, o Fundeb precisa e deve ser sempre uma política pública permanente, em que os atores educacionais precisam ser fiscais do dinheiro público e que cada cidadão precisa reconhecer em profundidade a escola de seu bairro, da sua cidade, do seu Estado, pois existem várias interpretações das verdades e pós-verdades postas pela mídia. A infinita diversidade da realidade e que precisamos ter em mente é que a hegemonia das estruturas de poder conduz para uma interpretação.

É complexo para compreender, mas vejamos que no ano de 2019, de acordo com site do MEC, tivemos R$ 165 bilhões de gastos, e no cotidiano para fazer a gestão da escola se recebe R$ 1,30 por dia para manter uma criança em tempo integral na escola pública e ser for conveniada particular, recebe R$ 1,10. Para sabermos o gasto por estudante, basta calcular o valor exposto pelo número de dias letivos, ou seja, 200 dias multiplicado pelo investimento.

O infinito virtual produzido dentro das redes de relacionamentos dos políticos e os produtores da mídia precisam ser estabelecidos numa perspectiva dialético-social como se estivéssemos na Ágora Educacional em tempos hodiernos, em que os cidadãos possam observar as falácias e as riquezas produzidas por quem faz de fato educação.

Desta maneira, nunca é tarde demais para lembrar o peso e o significado de termos recursos desde que utilizados de forma ética e responsável com as futuras gerações.

Dinamara P. Machado é diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.