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O valor da soja na medicina

26 de Setembro de 2018 às 09:58

A soja é um vegetal de altíssimo valor nutritivo, pois apresenta uma estrutura proteica completa, além de isoflavonas, com efeitos benéficos na prevenção e tratamento de diversas enfermidades, como câncer, doenças cardiovasculares, osteoporose, etc. Nos últimos 40 anos a população ocidental modificou totalmente os hábitos alimentares, substituindo os legumes, frutas e verduras por proteínas e gorduras de origem animal. Com a ausência de fibras na dieta aumentaram as doenças metabólicas e do aparelho digestivo, como a obesidade, diabetes, alterações das gorduras (dislipidemias), prisão de ventre, divertículos de intestino e câncer de cólon.

A soja, a banana, o feijão, o milho, a batata, o arroz, a beterraba, a cana-de-açúcar e o trigo são plantas básicas para a alimentação do homem. A soja pertence à família dos legumes, com capacidade para utilizar o nitrogênio do ar. Por isso é fonte dietética única das isoflavonas, genísteina e daidzeína, fazendo parte da dieta asiática por quase cinco mil anos.

Todavia, somente no começo do século 20 foi introduzida nos EUA e Europa. Dos vinte aminoácidos que o ser humano precisa, onze são produzidos pelo nosso organismo, sendo os noves restantes obtidos através da soja na dieta. Os produtos à base de soja são comparados a fontes protéicas de alta qualidade, como o peixe, leite e ovo. Também é ótima fonte de ferro, zinco, cálcio, cobre e magnésio. As isoflavonas existentes na soja são idênticas ao estradiol, que é um hormônio feminino, melhorando o perfil das gorduras nas mulheres.

Entre as indicações clínicas da soja mencionam-se: diminuição da intoxicação alcoólica e desejo pelo etanol; redução do risco de neoplasias, como o câncer de mama, através da genisteína; diminuição de crescimento dos tumores de próstata por bloqueio da testosterona, etc.

O Instituto Nacional do Câncer, nos EUA, recomenda que um adulto deva consumir de 25 a 30 gramas de fibras por dia, sendo os produtos à base de soja uma excelente fonte. O vegetal também melhora o índice de maturação vaginal em mulheres na pós-menopausa, diminuindo em 40% as ondas de calor. Nos pacientes com diabetes mellitus a proteína de soja melhora a função renal dos nefropatas, além de absorver gorduras e carboidratos dos alimentos.

Da mesma forma, reduz as necessidades de insulina, pelo efeito semelhante às drogas hipoglicemiantes, em virtude de suas fibras. Por outro lado, o consumo de proteína de soja no lugar de proteína animal diminui de forma significativa os níveis sanguíneos de colesterol total, LDL (mau colesterol) e triglicérides. Com efeito, a proteína animal (caseína) é mais colesterolêmica e aterogênica (placas de gordura nas artérias) do que a proteína vegetal, especialmente a de soja.

Mesmo em pessoas com colesterol normal, as isoflavonas da soja podem ajudar a reduzir o risco de doenças coronárias. Assim, a utilização de 20% das proteínas diárias através da soja reduz drasticamente os níveis de colesterol, Senão, vejamos: a ingestão de 25 g de proteína de soja/dia diminui o colesterol total em 8,9mg/ dl, 50mg em 17.4 e 75 mg em 26,3.

As pessoas saudáveis devem ingerir sete porções de soja por semana, que fornece uma média de 10g/dia. A soja também reduz a agregação das plaquetas, tornando o sangue “mais fino”, com diminuição do calibre dos vasos por arteriosclerose, Finalmente, diminui a osteoporose nos idosos, pois a genisteína inibe os chamados osteoclastos, que são os responsáveis pela destruição dos ossos, principalmente na pós-menopausa.

A soja pode ser utilizada de diversas formas, tais como feijão-soja, farinha, leite, óleo, ou como proteína isolada (alimentos assados). texturizada (granular e desidratada), sobremesas (sorvete, iogurte, etc) e na forma de tofu, que é o leite de soja coagulado e prensado. Por tudo que foi dito e enumerado, a soja merece um lugar de destaque na alimentação do homem, devendo ser incentivada e prestigiada pelos chefes de cozinha.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.

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