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O jogo do vai-vem

28 de Março de 2019 às 00:01

Carlos Brickmann

Que é que o presidente Bolsonaro ganha brigando com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara? Nada: Bolsonaro já venceu as eleições, embora nem sempre pareça convencido disso, e não causa qualquer prejuízo a Maia, que só enfrentará as urnas em 2022. E que é que Bolsonaro perde? Nessa briga, em que ele provavelmente nem sabe por que entrou, arranja um adversário bem colocado para atrapalhar o andamento da reforma da Previdência, seu projeto-chave, sem o qual será difícil manter a economia do País em ordem.

Parece -- na atual situação, nunca se sabe -- que tanto Bolsonaro quanto Maia concluíram que a briga é ruim para ambos. Já houve sinais de boa vontade. Maia disse que talvez dê para votar até o projeto de segurança do ministro Moro ainda no primeiro semestre. Seu principal interlocutor, o ministro Paulo Guedes, que no início do dia de ontem tinha desistido de conversar com parlamentares, já ajuda a indicar o relator da reforma da Previdência,

O fato é que o governo está perto de aprovar a reforma, com algumas mudanças ditadas pelo Congresso (que manteria a aposentadoria rural e o benefício de prestação continuada). Cerca de 300 parlamentares votam pela reforma -- e aí não estão os 54 do PSL, partido de Bolsonaro, nem os oito do Novo, que por definição querem reduzir as despesas do governo. São necessários 308 -- há, portanto, margem até para traição, sem que o projeto caia. Se os twitters se calarem um pouco, a reforma pode andar rápido.

Hora H

As conversas voltaram a fluir em boa hora. Exatamente a hora em que o vice-presidente Hamilton Mourão recebe apoteótica homenagem na Fiesp, na presença de empresários que comandam mais de um trilhão de reais.

A grande frase

Do general Mourão, condenando excessos dos radicais, em frase citada pelo colunista gaúcho Fernando Albrecht (http://fernandoalbrecht.blog.br/): “Não se combate o comunismo com comunismo ao contrário”.

Cortinas de fumaça

Alguns dias de paz são suficientes para que as coisas engrenem. Dentro de pouco tempo o presidente Bolsonaro vai a Israel. Deve assinar acordos já acertados pelo ministro da Ciência, Marcos Pontes, em dessalinização e irrigação. Pode haver alguma surpresa, tipo transferência da Embaixada do Brasil para Jerusalém -- um agrado ao primeiro-ministro Bibi Netanyahu, que logo depois enfrenta duras eleições. Durante esta viagem o noticiário cuida não das brigas entre bolsonaristas, mas dos acordos com Israel.

Outro debate

A deputada Joice Hasselmann anuncia um projeto que também ajudará a dividir os debates: eliminar a contribuição anual obrigatória dos advogados. Se desapareceu o imposto sindical, fazendo com que sindicatos e centrais vivam por conta própria, por que obrigar advogados a pagar OAB? São coisas diferentes, mas o projeto provocará muito barulho da Ordem.

Como é mesmo?

Temer, Moreira Franco e outros presos receberam habeas corpus, estão soltos, mas uma questão não foi esclarecida: aquele depósito em dinheiro de R$ 20 milhões num banco. Bancos são monitorados por câmeras, e seria interessante ver o tamanho do depositante capaz de carregar uns bons 50 kg de papel moeda dentro da mala. E como os seguranças deixaram entrar no banco um cavalheiro transportando a mala capaz de conter 50 kg?

Dia D

A TV Gazeta de São Paulo acaba de contratar o ex-governador Geraldo Alckmin para participar quinzenalmente do programa Todo Seu, de Ronnie Von, agora em novo horário: 13h30. A estreia é dia 1º de abril. Alckmin falará sobre saúde e qualidade de vida, alimentação saudável, importância da atividade fixa. Deve ser interessante: Alckmin é médico. Anestesista.

Dinheiro voa

Caro leitor, diga: por que o Detran precisa de propaganda? Tem concorrente? Pois o Detran de Goiás, nos últimos quatro anos do governo de Marconi Perillo, PSDB, gastou em propaganda R$ 22,5 milhões por ano. Nestes mesmos quatro anos, o governo goiano gastou no total algo como R$ 500 milhões em propaganda. O Ministério Público goiano já começou a agir: pede que o dinheiro gasto pelo Detran seja devolvido ao Tesouro.

Carlos Brickmann é jornalista e escreve para o Cruzeiro do Sul