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O câncer não é um inimigo invencível

19 de Fevereiro de 2020 às 00:01

Luiz Antonio Guimarães Brondi

No mês de abril, temos em nosso calendário o Dia Mundial da Saúde (07/4) e o Dia Mundial da Luta Contra o Câncer (08/4). Quando falamos de saúde e, propriamente do câncer no Brasil, não temos muito a comemorar, pois sabemos que a melhor arma contra essa doença ainda é a “informação”, o que em nosso país continua precária. O câncer é o grande desafio para a saúde pública e o impacto desse problema só poderá ser dimensionado quando toda a sociedade participar dos esforços para sua prevenção, seu controle e sua cura.

No Brasil e no mundo, esta doença já ocupa o segundo lugar como causa de morte natural, superada apenas pelas doenças cardiovasculares. O câncer é responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo, ou seja, mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente da doença. Com a melhora da expectativa de vida no planeta, a incidência do câncer tem aumentado e estima-se que alcançará mais de 15 milhões de casos novos em 2020, segundo a UICC (Internacional Union Against Cancer, Geneve). O câncer constitui, assim, um grande problema para o mundo desenvolvido e para os países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que é nítido o aumento da prevalência de câncer associado ao melhor nível econômico (mama, próstata, colón e reto), temos taxa de incidência elevada de tumores associados a pobreza (colo do útero, pênis, estômago, cavidade oral). Esta distribuição certamente resulta da exposição dos indivíduos a fatores de risco ambientais relacionados ao processo de industrialização, como, agentes químicos, físicos e biológicos, e também das condições de vida que variam de acordo com as desigualdades sociais.

Para se entender o câncer é preciso saber de algumas coisas: calcula-se que um individuo adulto tenha mais de 300 trilhões de células em seu corpo. Diariamente perdemos um volume enorme de células, que serão repostas de forma controlada. Às vezes, por uma série de razões, algumas dessas células podem se multiplicar de forma descontrolada, as quais são chamadas de “cancerígenas”, e o conjunto delas de “tumor maligno” ou “câncer”. Além de muito agressivas, atuam de forma desorganizada e atrapalham o funcionamento normal do organismo. Essas células se multiplicam e tomam o lugar de células normais, podendo também se espalhar para outros órgãos (metástases). Se estes problemas não forem diagnosticados a tempo e tratados adequadamente, o órgão para de funcionar, podendo muitas vezes levar a pessoa à morte.

O câncer não é contagioso, não existe vacina contra ele. No início, na maioria das vezes, é assintomático (não apresenta sintomas). Como existem vários tipos diferentes de câncer, que afetam partes diferentes do corpo, muitos sintomas podem indicar a presença de um tumor em crescimento: aparecimento de caroços (por exemplo, na mama); ferimentos que demoram para cicatrizar (pele e mucosas); alteração na aparência de uma verruga (pele e mucosas); mudanças no funcionamento de algumas funções básicas do corpo (digestão, evacuação, micção, etc.); tosses persistentes ou rouquidão constante; sangramento constante em alguma parte do corpo (boca, ânus, urina, genitais, etc.). Muitas vezes esses sintomas podem não indicar nada, mas devemos estar permanentemente atentos.

A busca da explicação para o aparecimento do câncer tem envolvido cada vez mais investimentos em pesquisa médica, biológica, epidemiológica e social. Muitos fatores de risco foram identificados em diferentes países. Entretanto, isto não é suficiente para se entender o motivo pelo qual certas pessoas tenham risco maior de adoecer do que outras. Não há duvida de que em vários tipos de câncer a susceptibilidade genética tem papel importante, mas, é a interação entre esta susceptibilidade e os fatores e as condições resultantes do modo de vida e do ambiente, que determinam o risco para se contrair o câncer.

A prevenção ainda é o melhor remédio: a prevenção primária, com ênfase nos fatores associados ao modo de vida em todas as idades e com a intervenção de combate a agentes ambientais e ocupacionais cancerígenos, pode trazer bons resultados no combate ao câncer. Quanto mais cedo for diagnosticado o tumor, maiores serão as chances de cura, a sobrevida e a qualidade de vida do paciente. O objetivo será sempre a detecção precoce, quando o tumor ainda estiver localizado no órgão de origem. Além disso, os avanços no tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia) têm sido responsáveis pela redução da mortalidade entre os principais tipos de câncer. Com certeza, os conhecimentos que estão sendo adquiridos nos campos da biologia molecular e da genética, permitirão num futuro próximo, um maior entendimento da patogênese do tumor, permitindo o melhor controle do câncer e a possibilidade de alcançar a cura desta doença.

“IL TUMORE NON È UN NEMICO IMBATTIBILE”: título do livro publicado pelo Prof. Gianni Bonadonna, oncologista e pesquisador do Instituto Nacional do Tumor de Milão, Itália, considerado o pai da “Oncologia Italiana”: 28/7/1.934 - 07/9/2015.

“AS LIMITAÇÕES DO CÂNCER” - M.D.Anderson, Houston, USA (autor desconhecido)

O CÂNCER É LIMITADO:

Não pode paralisar o Amor - Não pode desfazer a Esperança

Não pode alterar a Fé - Não pode destruir a Paz

Não pode matar a Amizade - Não pode reprimir as Memórias

Não pode apaziguar o Valor - Não pode invadir a Alma

Não pode roubar a Vida Eterna - Não pode conquistar o Espirito

“O CÂNCER É MUITO LIMITADO”

Dr. Luiz Antonio Guimarães Brondi é professor titular do Departamento de Cirurgia, Disciplina de Ginecologia, da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, Sorocaba, PUC-SP - Especialidade: Mastologia e Cirurgia Oncológica