Buscar no Cruzeiro

Buscar

Inteligência Artificial e Ortopedia

17 de Agosto de 2019 às 00:01

Tulio Pereira Cardoso

The surgeon is no longer looking at the patient, but at the computer (o cirurgião não olha mais para o paciente, mas para o computador )

Certamente você já ouviu falar de Inteligência Artificial (IA). A primeira impressão é de ser uma inteligência falsa, não natural como a humana, mas não é. Computação Cognitiva, Deep Learning, Machine Learning e outros tantos nomes, na verdade referem-se ao emprego de sistemas capazes de fazer computadores pensarem e atuarem como humanos nas mais diversas aplicações possíveis.

A IA é uma realidade presente em nossas vidas há algum tempo, como por exemplo: o uso do “corretor de texto” do nosso computador; da “siri” do seu iPhone, que responde a ordens sonoras; nos inúmeros games, GPS e pequenos robôs domésticos também tem o envolvimento da IA. As montadoras de automóveis utilizam mão de obra robotizada melhorando a precisão e a velocidade das montagens.

João Fernando Marar, Professor Doutor em Inteligência Artificial da Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que o filósofo e matemático grego Aristóteles, pensava em como livrar o escravo dos seus afazeres. “Ele imaginava o seguinte: será que um objeto como uma vassoura, ou seja, um elemento que faz a limpeza, pode ter vontade própria e estabelecer o sistema de arrumação? Dessa forma, não precisaríamos mais da mão de obra escrava. Ele via que não era legal ter esse domínio e sacrifício de outro ser humano. Ele inventou a robótica em 300 a.C”, completa de forma bem humorada o professor.

O britânico Alan Mathison Turing foi um matemático e cientista da computação, considerado um pioneiro da inteligência artificial e conhecido como o pai da computação. A “Máquina de Turing” concebida em 1936 foi o dispositivo precursor do computador moderno sugerindo que uma máquina que trabalhasse com símbolos simples como “0” e “1”, poderia simular qualquer ato concebível de dedução matemática.

Em 1956 durante workshop realizado no Dartmouth College, nos EUA, com a participação de pesquisadores como Allen Newell e Hebert Simon da Carnegie Mellon University de Pittsburgh, Marvin Minsky, Arthur Lee Samuel e John McCarthy do Massachusetts Institute of Technology, a imprensa descreveu como surpreendentes os programas apresentados, como a capacidade de um computador jogar “xadrez”, resolver problemas de álgebra e teoremas lógicos, e falar inglês.

Em livro publicado em 1994, os autores Elaine Rich, Doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Austin no Texas e Kevin Knight, professor de Ciências da Computação da University of Southern California, definem IA como “método que faz computadores realizarem coisas que, no momento, as pessoas fazem melhor”. Isso foi em 1994. Em 2019 os computadores melhoraram muito, já os humanos.

Segundo o Paradoxo de Moravec “é relativamente fácil fazer o computador exibir performance de nível adulto nos testes de inteligência ou ao jogar xadrez, mas é difícil ou quase impossível obter do computador habilidades de uma criança de 1 ano de idade quando se refere a percepção e mobilidade”.

A IA utiliza programas de computador baseados em experiências acumuladas anteriormente e que foram eficientes na resolução de problemas. Ela pode ser aplicada e se torna capaz de construir sistemas que aprendem da mesma maneira que um humano e, mais que isso, passa a adquirir novos conhecimentos automaticamente.

Stephen Hawking, físico britânico, Bill Gates, fundador da Microsoft e Elon Musk, fundador da SpaceX, manifestaram preocupação com a possibilidade da IA evoluir a tal ponto que fuja ao nosso controle. Hawking falou até em fim da raça humana.

Em janeiro de 2015, Elon Musk doou 10 milhões de dólares para o Future of Life Institute para financiar a pesquisa sobre a tomada de decisão da IA. O objetivo é “cultivar a sabedoria com a qual gerenciamos o crescente poder da tecnologia”. Musk também financia empresas que desenvolvem inteligência artificial, como o Google DeepMind e Vicarious, segundo ele “para apenas manter um olho sobre o que está acontecendo com a Inteligência Artificial”

Na medicina existem vários exemplos do uso da IA, como o robô DaVinci utilizado em cirurgias urológicas e sistemas como o Watson Oncologia da IBM. Tecnologia robótica pode ajudar cirurgiões ortopédicos a implantar próteses articulares, fixar fraturas com placas e parafusos e perfurar túneis em ossos para passagem de novos ligamentos. Atualmente essa tecnologia utiliza luz infravermelha e navegação baseada em imagens produzidas por tomografias computadorizadas.

Dr. Tulio Pereira Cardoso é médico ortopedista, Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e tem Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.