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Da medalhinha pra baixo...

20 de Outubro de 2019 às 00:01

O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, pouco depois de Bolsonaro ter-se voltado contra ele, foi alvo da Operação Guinhol, da Polícia Federal. Guinhol é um fantoche -- e Bivar, dizem adversários, usava a cota obrigatória de candidatas como se fossem bonecas, com grandes verbas, mas gastas de maneira a voltar a quem as havia concedido. Já Bivar acha que a operação teve algo de guinhol -- bonecos que agiam sob controle de seu manipulador. Maldade! Quem poderia acreditar que tudo não foi apenas uma coincidência?

... é canela

Com Federal e tudo, Bivar manteve o comando, afastou bolsonaristas e fala em expulsar Bolsonaro. Cria um problema para os expulsos -- podem perder o mandato -- e obriga Bolsonaro a abrigá-los em algum bom lugar

2022 chegando

E chega de brigas entre pai, filhos e nada de santos. Já se pensa em 2022. É cedo; até lá, tudo pode ocorrer. Se o julgamento de Lula for anulado e ele percorrer o Brasil em campanha, as condições mudam, para melhor ou pior. Mas o que temos hoje é uma surpresa: Luciano Huck, que nem partido tem, está forte na pesquisa, no segundo turno. Bolsonaro, líder da pesquisa no primeiro turno, tem empate técnico com Huck, no limite, no segundo turno: 38% a 34%. Contra Moro, também haveria empate técnico, mas ao contrário: 38% a 34% contra Bolsonaro. Moro bateria Lula por 50% a 37%. Outros cenários: Huck perde para Moro, tem empate técnico com Bolsonaro (com vantagem numérica para Bolsonaro), bate Lula, Haddad, Amoedo, Doria -- todos. Moro tem empate técnico com Bolsonaro (mas com vantagem numérica) e derrota os demais candidatos no segundo turno. Se houver crescimento da economia e do emprego, muda tudo. Por enquanto, a pesquisa é apenas um retrato a ser pendurado na parede, esperando os novos fatos.

A loucura dos juros

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou a financeira Crefisa a pagar R$ 10 mil de danos morais e devolver em dobro “a quantia cobrada de forma abusiva” de um cliente -- um senhor de 86 anos, pobre (“em situação de hipossuficiência social”). A Crefisa, patrocinadora do Jornal Nacional e do Palmeiras, cobrava juros de mais de mil por cento ao ano, informa Pedro Canário, do ótimo portal Consultor Jurídico. Mesmo considerando-se os imensos juros bancários no Brasil, a porcentagem chama a atenção. Os juros foram cobrados em três contratos, todos de empréstimo consignado. Nos três casos, foram superiores a mil por cento ao ano. O primeiro empréstimo, de R$ 325,00, tinha juros de 1.415% ao ano. A dívida de R$ 325,00 passou em três meses a R$ 1.900,00. O segundo, de R$ 1.500,00, com juros de 1.019% ao ano, em oito meses chegou a R$ 3.100,00. O último, de R$ 348,00, em seis parcelas, com juros de 1.032% ao ano, alcançou R$ 2 mil.

O castigo

Além dos danos morais, a Crefisa tem de reajustar os contratos para cobrar os juros da média do mercado, calculados mês a mês pelo Banco Central. O que foi cobrado a mais terá de ser devolvido em dobro, por ordem da Justiça. Diz o desembargador Roberto Mac Cracken, no voto vencedor: “Os juros cobrados são de proporções inimagináveis, desafiando padrões mínimos de razoabilidade e proporcionalidade, e de difícil adimplemento em quaisquer circunstâncias”. O desembargador determinou providências ao Procon de São Paulo, à Defensoria Pública do Estado e ao Banco Central.

Carlos Brickmann é jornalista. E-mail: [email protected]