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Cidade que queremos

12 de Setembro de 2018 às 09:00

No mundo somos, hoje, 3,5 bilhões de pessoas vivendo nas cidades. Nos próximos 30 anos este número chegará a 7,5 bilhões. Este êxodo no Brasil já aconteceu em outro período, hoje nossa população já é urbana, mas nossas cidades ainda carecem de melhor qualidade de vida em alguns aspectos.

As cidades são organismos vivos e dinâmicos que crescem e se ajustam naturalmente, cabendo à sociedade e ao poder público induzir, de forma inteligente, o crescimento para que traga efeitos positivos para todos.

É fundamental encontrar e integrar modais de transporte ideais para cada realidade, facilitando os deslocamentos e a mobilidade nas cidades. A infraestrutura deve orientar o crescimento e não o contrário como, usualmente, ocorre em várias regiões do mundo, inclusive nas cidades de nosso país.

O tempo gasto nos deslocamentos entre moradia, trabalho, estudo e lazer é crescente, precisamos buscar, na discussão das leis que regem o uso e ocupação do solo, formas de tornar menos desgastante, para as pessoas, esses deslocamentos. É bastante comum nossas cidades oferecerem empregos em áreas centrais e industriais e residências em outras regiões. Precisamos buscar uma melhor combinação entre emprego e moradia, pois quanto mais integrado estiverem esses usos, menos os municípios gastam com transporte coletivo.

Precisamos diminuir desigualdades e tornar nossas cidades mais inclusivas. Em 2050 o número das pessoas com mais de 60 anos excederá o de pessoas até 15 anos, pela primeira vez na história.

O planejamento urbano integrado entre as cidades, nas regiões metropolitanas, faz com que não concorram entre si e se complementem buscando a melhor vocação de cada região. Ainda não conseguimos essa integração no planejamento, embora o arcabouço legal já esteja preparado com o Estatuto das Metrópoles, aprovado em 2015.

O impacto econômico da falta de moradia e grande déficit habitacional traz consequências em várias outras áreas, como aumento das taxas de criminalidade, desnutrição, desvios de comportamento, deficiência no aprendizado e aumento das enfermidades.

A relação entre qualidade de vida e renda existe, por isso a necessidade dos municípios incentivarem os investimentos com a diminuição da burocracia e a simplificação de processos de licenciamentos e aprovações de empresas e empreendimentos. Uma economia mais forte gera mais emprego, renda e impostos.

A competição deixou de ser entre países, a disputa para receber investimentos e empresas passou a ser diretamente entre cidades do mundo. Claro que o ambiente econômico e a segurança jurídica dos países são levados em consideração, mas a concorrência aberta pelas empresas é para a escolha de cidades que reúnam condições e características que as empresas definem como prioritárias.

A qualidade de vida dos funcionários decorrente da segurança, saúde, educação, moradia, mobilidade, sustentabilidade fazem a diferença na escolha e são fundamentais para o sucesso de nossas cidades.

As cidades precisam funcionar e proporcionar felicidade para as pessoas, o objetivo de cada um de nós deveria ser deixar nossa cidade melhor do que as encontramos.

Flavio Amary é presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) e reitor da Universidade Secovi -- [email protected]