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Bye, bye...

31 de Dezembro de 2020 às 00:01

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Comunistas (ou socialistas) costumam divulgar a crença de que defendem a democracia contra as espécies de ditadura, das quais a de origem militar é a mais combatida. Criam um amálgama de ideias recheadas de expectativas de uma sociedade justa porque igualitária.

Democracia e comunismo, entretanto, não se comunicam, não se completam nem se assemelham. Enquanto democracia é um regime político, comunismo (ou socialismo) é um modelo econômico de distribuição de riqueza.

Democracia significa governo popular (grego ”kratos“ e ”demos“) e se caracteriza pela participação popular no governo, através de representantes escolhidos nas eleições, cujo poder emana do povo. Assegura o exercício dos direitos e garantias fundamentais, assim como a ordem política, econômica, social e cultural (expressamente previstos em leis ou na Constituição do país).

Entre os diversos direitos e garantias fundamentais estão os de origem individual, dos quais são exemplos o de votar e ser votado, de opinião, de resposta, de ir e vir, da personalidade, de propriedade, etc., que compõem o espaço de liberdade de cada indivíduo.

Os direitos sociais também são necessários para garantir ao povo a tutela do bem comum pelas administrações públicas, mas sem prejuízo dos direitos e garantias individuais. Ao exercício da democracia, o direito à liberdade individual é sua essência, sem o qual desaparece seu pressuposto, que é o de cada qual escolher seus representantes políticos às cidades, aos Estados-membros ou ao Estado nacional.

O comunismo tem a finalidade de distribuir a riqueza ao povo sem distinção de classes sociais, o que iguala a todos pelo mesmo padrão econômico e os torna comuns uns aos outros. Os direitos sociais e a tutela do bem comum pelo Estado prevalecem e obstam os direitos individuais: a personalidade é diminuída e cada indivíduo é padronizado (camarada) e controlado pelo Estado.

Essa padronização tem vistas ao surgimento de um novo homem e uma nova mulher, livres do capitalismo e “purificados” pelo comunismo, como se todas as divergências entre as pessoas (os sete pecados capitais, por exemplo), tivessem causa no capitalismo e não nas fraquezas humanas.

Sem a tutela dos direitos individuais desaparece a democracia e surge a ditadura, mascarada de revolução popular pelos líderes comunistas, que controlam o povo conforme os interesses do Estado e não mais conforme a vontade popular.

O materialismo dialético -- criado por Karl Marx -- é o suporte do comunismo para se justificar e combater o capitalismo. Ele inverteu a dialética de Hegel ao pôr a natureza como fonte das ideias (tese) e a ideia como antítese; por fim, deu outra síntese (a nova natureza ou realidade), diversa da de Hegel.

Em suma, o comunismo se opõe à democracia por faltar a liberdade individual. Sem ela, converge à ditadura e o Estado se torna injusto, porque os indivíduos foram padronizados (camaradas) e reduzidos a instrumentos da vontade estatal. Por fim, não defende a democracia nem combate a ditadura. Então, “bye, bye”, comunistas!!! Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.