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‘Bárbara’ fala de amor e política

25 de Outubro de 2019 às 00:01

‘Bárbara’ fala de amor e política Bárbara (Nina Hoss) sofre os efeitos da política da Alemanha Oriental. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

Na sexta-feira da semana passada apresentamos no Cine Reflexão da Fundec o filme “Jericó”, do diretor alemão Christian Petzold. Hoje será a vez de “Bárbara”, de 2012, do mesmo diretor.

O filme transcorre em 1980, na Alemanha Oriental. O comunismo é o regime político vigente no país. Qualquer indivíduo pode ser suspeito de conspirar contra o regime.

Bárbara é uma médica que foi deslocada de um hospital de Berlim para prestar serviços em uma clínica médica rural, como forma de punição por ter requerido um visto de saída para emigrar para a Alemanha Ocidental. Sua prisão havia desintegrado seu círculo de amigos e, no novo trabalho, ela não é bem vista por causa de seu suposto orgulho de ter clinicado da capital. Mas é muito competente. Passa a residir em um apartamento fornecido pelo Estado e está sendo permanentemente vigiada pela polícia secreta do país, a Stasi, que chega à sua porta sem aviso prévio e faz buscas regulares e intrusivas. Secretamente tem encontros na floresta com seu namorado da Alemanha Ocidental, que lhe traz cigarros e meias. Por rotas complicadas, consegue receber e esconder cuidadosamente o dinheiro que lhe é envido por ele.

A clínica é administrada por um médico, André, que sabe tudo sobre Bárbara porque foi informado pela Stasi e também porque é forçado a colaborar com a polícia. Mas, preocupa-se muito mais com a clínica e em dar assistência humana e científica aos pacientes. Por isso, tem um laboratório clandestino para produzir medicamentos. Na clínica existe uma reprodução da tela de Rembrandt, “Lição de anatomia”, e André afirma que gostaria de ir à Holanda para ver o obra pessoalmente, mas reconhece que a saída do país tem pouca probabilidade de ser efetuada.

Uma garota, Stella, dá entrada na clínica. Ela havia fugido de um campo de trabalho. Bárbara diagnostica meningite e passa a tratá-la com grande carinho, como se estivesse lidando com uma filha. Quando atende Stella, Bárbara se transforma em uma mulher doce, substituindo por um sorriso apenas sugerido nos lábios e nos olhos a expressão dura e fria costumeira. Lê para Stella o livro “As aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain. Stella também se afeiçoa a ela. Esse encontro transformará a vida de todos.

A relação entre Bárbara e André começa a se fortalecer quando percebem que compartilham os mesmos valores humanos e compromissos com a vida dos pacientes.

O filme transcorre em um momento difícil da história da Alemanha, durante a Guerra Fria, e conta apenas o necessário para contextualizar as questões políticas que provocaram a chegada de Bárbara à clínica e as razões de sua personalidade seca, retraída, avessa a qualquer contato amistoso. Do mesmo modo, fica clara a vigilância que o regime exercia sobre os indivíduos, mas sem os exageros e os clichês costumeiros e sem criar uma atmosfera de intimidação. Com isso, “Bárbara” se torna um filme com aspectos políticos, mas recheado com compaixão, solidariedade e abnegação que é esperado de pessoas que lidam com a vida humana.

Serviço

Cine Reflexão

“Bárbara”, de Christian Petzold

Hoje, às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita