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Derrame, o campeão de mortes

03 de Julho de 2019 às 00:01

Mário Cândido de Oliveira Gomes

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, é a terceira causa de morte e o principal responsável pela invalidez e redução da qualidade de vida, em virtude das sequelas que pode provocar. O AVC é mais frequente após os 65 anos de idade, em ambos os sexos, sendo a pressão alta o principal fator de risco. Conhecido mundialmente como stroke (ataque), é todo e qualquer quadro agudo em que há interrupção ou deficiência de sangue e da oxigenação do cérebro. Por isso, são divididos em isquêmicos (80% dos casos) e hemorrágicos.

No isquêmico o suprimento de sangue é interrompido numa parte do cérebro por aterosclerose (70%) ou obstrução por coágulo. “É como transportar para o cérebro o infarto do coração”, com a diferença que no cérebro a lesão é definitiva, suprimindo funções importantes. A aterosclerose se manifesta com mais frequência em portadores de pressão alta, diabetes e dislipidemia (colesterol), além de tabagistas, uso de pílula e mulheres com enxaqueca. O coágulo ou trombo surge nos portadores de alterações cardíacas, como arritmia, fibrilação atrial, valvulopatias e miocardiopatias.

Também contribuem para o problema a obesidade, o sedentarismo, a alimentação inadequada e as bebidas alcoólicas. O verdadeiro derrame, que se manifesta por hemorragia numa área do cérebro, apresenta grande índice de mortalidade (40%), sendo provocado por ruptura de aneurisma, doença da artéria ou pressão alta. A parede da artéria doente não aguenta a pressão, rompe-se e causa sangramento no interior do cérebro.

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É bom lembrar que a hipertensão é geralmente uma doença silenciosa e traiçoeira, isto é, não dá sintomas, como dor de cabeça, náusea, perturbações visuais, etc. Por isso, muitas pessoas nem sabem que têm pressão alta e as que sabem não tratam ou tratam de forma incorreta. O AVC pode ser permanente ou transitório. Neste caso, os indícios são: paralisia na face, perda da coordenação motora, dificuldade na fala, sensação de desequilíbrio e tontura, que ocorrem por segundos, com rápido retorno à normalidade. Tais AVCs também explicam a origem de certos tombos, como quedas na rua, banheiro, etc. O AVC isquêmico deve ser atendido até três horas após o início, para evitar as temíveis complicações. Isso é possível devido ao uso de trombolíticos, que ajudam a dissolver o coágulo.

O diagnóstico do AVC deve ser cogitado sempre que uma pessoa apresenta déficit neurológico de instalação súbita, como perda da força num lado do corpo, dificuldade para andar, problemas de deglutição, alterações nos movimentos dos olhos, etc. Na dependência da extensão e localização da lesão, a incapacidade física pode ser definitiva e outras regridem com tratamento. Em função do grau da sequela, o paciente tem dificuldade de retornar à sociedade e realizar suas atividades, inclusive as mais simples, como manter a higiene e se alimentar.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.