Aluno do Sesi em 1º lugar no vestibular de Direito

Por

Crédito da foto: Vanderlei Testa

 

Vanderlei Testa

O menino Pedrinho segurava nas mãos do avô Paulo César e caminhava até a escola do Sesi, distante algumas quadras da sua casa. Ele tinha cinco anos de idade e no trajeto gostava de conversar coisas das crianças de sua turma. Amigo dos avós Carmem e Paulo César, o garotinho Pedro trazia alegria com suas boas notas escolares no final do mês. O pai, Mauro, passava o dia trabalhando na Guarda Municipal de Tatuí.

Ele sustentava a família com o seu salário e as despesas eram muitas com todos da casa. Com alguns bicos de trabalho extra, a jornada do Mauro começava cedo e acabava tarde da noite, até que encerrasse o dia dando as bênçãos aos filhos na hora de dormir.

Foi assim durante 14 anos na escalada dos estudos do Pedro e, sempre na Escola do Serviço Social da Indústria. Era gratuita e pública, mas, o ensino, um primor de qualidade, diziam os avós e o pai. Nas reuniões dos professores eles iam acompanhar o andamento do Pedro e, os elogios eram constantes ao menino pelo seu bom comportamento e respeito com os coleguinhas.

Pedro foi crescendo em estatura e sabedoria. Passou do Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Adquiria conhecimentos na sala de aula e, em casa, no quarto compartilhado com a irmã Mariana, passava horas estudando para agradecer e retribuir com suas notas altas o carinho e o esforço do seu pai em proporcionar a subsistência do lar e dos seus estudos.

Nos finais de semana, Pedro adorava ir pescar com o seu ídolo maior paterno. Arrumava as varas e com a sua camiseta do time do coração, o São Paulo, saia com o pai rumo ao rio ou lagoa.

Amigo da irmã, Mariana, o Pedro a protegia pela sua diferença de cinco anos. Aconselhava e dava exemplo de uma conduta cristã de viver. Quando Pedro tinha 10 anos de idade seu pai se casou pela segunda vez com a professora sorocabana Maíra Milano.

Pedro passou com mérito para o Ensino Médio. Teria mais três anos de estudo antes de chegar à maturidade dos 18 anos e decidir sobre sua vocação profissional.

Ele tinha consciência das dificuldades financeiras para os custos do ensino superior. Sonhava em buscar a advocacia como meta, pois o seu tio Otávio, irmão do seu pai, trabalhava em São Paulo e era bem sucedido na área jurídica.

Em meio a essa trajetória, Mauro Rogério Faria, com os seus quinze anos de Policial da Guarda Municipal, incentivou o filho a seguir em frente com dedicação plena aos estudos. Ele trabalharia quantas horas fossem necessárias para manter os estudos dos filhos.

Usando das facilidades da internet, Pedro costumava interagir com as aulas e conhecimentos proporcionados em testes do Enem e outros vestibulares. A Redação nestas provas é eliminatória e vale pontos importantes na seleção.

Para aprender o máximo em redação de textos, o Pedro acompanhou nos últimos dois anos antes de completar o Ensino Médio, tudo o que pode através de leituras de temas desafiantes aos jovens inscritos dos vestibulares.

Finalmente, em 2020 chegou a conclusão do Ensino Médio para Pedro. Ele, que começou na escolinha infantil do Centro Educacional do Sesi, comprovava para si, aos pais e professores, o resultado do seu esforço. Formado e apto para o vestibular.

Pedro Henrique de Oliveira Faria nasceu no dia 17 de abril de 2002. O sonho do vestibular se concretizava. A escolha tinha que ser uma faculdade de renome. Com credibilidade no mercado profissional e equipe de professores consagrados na área jurídica.

Uma faculdade que tivesse história, formando advogados que se destacaram em suas áreas de atuação ou seguiram carreiras, como: juízes, promotores, desembargadores, delegados e outras atividades que exigem de cada bacharel em Direito os conhecimentos adquiridos em salas de aulas.

A Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi) conquistou o coração do jovem Pedro. Mas como passar no difícil vestibular que atrai centenas de candidatos? Essa pergunta não intimidou o Pedro. Ele sempre estudou e, na sua simplicidade, sem a vaidade ou orgulho para se achar preparado, se dedicou dia e noite a estudar. Fez a inscrição para o período diurno da Fadi.

O tema da redação “Possíveis dificuldades do ensino remoto” foi o grande desafio. E o Pedro Henrique teve o seu nome na lista dos cem aprovados. O resultado o deixou feliz e seus pais e irmãos orgulhosos. O Pedro foi o 1º classificado com nota 995. O máximo é 1.000.

Agora em 2021, no mês de fevereiro, começam as aulas. Na sua responsabilidade de filho, Pedro sabe como será difícil arcar com as despesas com o custo da mensalidade e ônibus diário de Tatuí para Sorocaba e vice-versa. Ele já está se virando.

Conseguiu um serviço temporário de pizzaiolo em Tatuí. Entra às 18h e trabalha até às 23h. Aprendeu com o pai a fazer pizza. Recebe uma remuneração diária, e vai colocando na poupança para ajudar a pagar a matrícula.

Quando as aulas iniciarem, Pedro levantará às 5h da manhã, pegará o ônibus às 6hs, e às 7h30 começará suas aulas na faculdade dos seus sonhos. Retornará a Tatuí, estudará à tarde e, à noite, mais uma vez estará na cozinha da pizzaria. Ele sabe que a vida é difícil pra quem deseja vencer.

Há também nos desejos do Pedro a esperança de conseguir um estágio remunerado em escritório de advocacia e uma bolsa de estudos com descontos na mensalidade.

Certamente o jovem Pedro será agraciado na vaga de estágio e processo de seleção de bolsas. Se eu fosse opinar aqui sobre o futuro do Pedro, diria que daqui a cinco anos, na sua formatura, encontraria um aluno exemplar em notas, conhecimento e preparado para ser um advogado.

Quem sabe, será concursado em uma carreira de sucesso para o Brasil ser um País de jovens juristas renomados. E sendo aluno de faculdade de Sorocaba, o doutor Pedro será um orgulho para todos nós.

Vanderlei Testa é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta.