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A “Teoria dos 5 Ps”

04 de Dezembro de 2020 às 00:01

A “Teoria dos 5 Ps”

João Alvarenga*

Você já ouviu falar da “Teoria dos 5 Ps”? A ideia é simples: Padre, Pastor, Professor, Policial e Político, em tese, não podem errar nunca. Ou seja, qualquer desvio de conduta estará sujeito à condenação antes do julgamento. Não que as demais profissões estejam isentas. No caso dessas, em especial, que começam com a letra P, a cobrança tende a ser maior porque, aos olhos da sociedade, não basta ser honesto, tem que parecer honesto. Qual a razão disso?

Talvez, porque esses profissionais sirvam de “espelho” à juventude e, quando frustram as expectativas, caem em desgraça. Não têm privacidade, pois estão sob constante vigilância dos que esperam mais do que discursos. Querem bons exemplos; afinal, para muitos, antes de exigir, é preciso mostrar. Logo, Padres e Pastores não devem nunca cair em tentação para não enfrentarem o inferno da culpa presumida.

Já o Professor não pode se dar ao luxo de esquecer o conteúdo, sob pena de cair em descrédito. Afinal, não basta parecer que sabe, tem que dominar o assunto. No caso dessa profissão, há um agravante: se a classe aprendeu, não fez mais do que a obrigação. Se a turma dançou na prova, não soube ensinar. Nunca perguntam pro aluno se aquilo é objeto de seu interesse.

E o Policial? Ser Policial, no Brasil, é padecer no paraíso, porque suas atitudes estão sempre sob suspeita, já que, para combater a criminalidade, transitam pelo mundo do crime, convivem entre o bem e o mal. E, quando um integrante da corporação vacila, todos os demais são enquadrados como marginais sem direito à defesa.

Sobre o Político, as notícias não são tão boas, pois essa classe anda meio desprestigiada, tanto que muitos sorocabanos nem querem pensar nesse assunto. A exorbitância de votos nulos e brancos e de abstenções desta eleição evidencia tal comportamento. E tem mais, basta o caboclo se candidatar para ser visto com desconfiança. Com razão, pois muitos homens públicos fazem jus à crença popular de que a política não é o terreno da ética.

Por fim, alguns leitores vão reparar que deixei de fora, desta teoria, a mais antiga das profissões, que também começa com a letra P. Fiz de propósito, porque o espaço não daria conta de tamanha complexidade.

(*) João Alvarenga -- professor de Redação e cronista.